30 de dezembro de 2009

Nostradânus

2010 vai ser o ano em que a Humanidade vai finalmente cruzar-se com a Robótica.
Vai ser o ano que vão aparecer brincos que são auriculares, pulseiras que são telemóveis, anéis que são máquinas fotográficas, fios dentais que são GPS’s. E tudo isto vice versa.

Vai ser o ano em que os humanos serão marcados como gado com microchips intradérmicos, que vai permitir a toda a gente saber onde está toda a gente a todo o tempo. Vai ser o ano em que os pais da Mafalda vão descobrir que aquele fim de semana em Julho, quando ela se ausentar, não é o Encontro Nacional de Escutas, mas sim uma festa de deboche e putedo em Ibiza com os dois namorados (sim, porque em 2010 a poligamia vai ser tolerada, para em 2011 ser prática comum).

Em 2010, vamos estar completamente alienados uns dos outros. Vamos comunicar apenas pela tecnologia. Vai aparecer o primeiro bebé mutante com uma entrada USB na nuca.

Os pais vão rotineiramente escolher o sexo da criança, via on-line, entre o jantar e a cópula (porque a cópula vai deixar de servir para reprodução em 2012).

Vai ser em 2010 que vai ser comercializada uma pílula para dormir que induz sonhos à la carte: primeiro vão aparecer os “sabores” Violar uma Prostituta, Ir de Avião Contra um Prédio, Matar o Chefe, Massacre no Lidl Com Uma M-16. Outros “sabores” se seguirão.

Vai aparecer um vírus que vai esterilizar os ciganos. As flores vão passar a ser todas de plástico.

As bombas vão deixar de fazer fogo e barulho, e vão passar a largar uma Hormona da Paz: os bandidos e terroristas vão pensar no que andam a fazer e a mudar os seus modos de vida. Grande parte deles começarão a trabalhar nas obras.
Os cães vão aprender a falar.
O LSD vai voltar, e vão começar a surgir plásticas ao sobrolho para camuflar a Neura.
Vão inventar laranjas que branqueiam os dentes, mas que causam úlceras gástricas. Pouco depois, inventar-se-ão figos que curam úlceras.

Os carros vão desenvolver sentido de humor.



22 de dezembro de 2009

QUE É QUE TU ME CHAMASTE?

Repete lá isso.
Meu filha da puta.

14 de dezembro de 2009

Pandam

Pandam é:

a) Um prato típico da Tailândia;
b) Uma bicicleta daquelas para várias pessoas, mas com rodinhas;
c) Fazer com que a roupa condiga;
d) Um tipo de calções de banho;
e) O estado de uma casa depois de uma festa em que toda a gente acaba bêbeda.


Sabeis aquelas palavras, ou expressões, que toda a gente conhece menos vós?
O sentimento de que são ignorantes, ou que passaram alguns anos a dormir ou numa ilha deserta sem contacto com o Mundo? Pois, eu sei bem essa sensação. E tem-me acontecido com frequência ultimamente. Esta última foi mesmo o “pandam” (para quem também ficou a leste, é a resposta c).

Mas foi apenas o corolário de toda uma existência que me passou ao lado. Coisas novas de que toda a gente fala, menos eu. Sinto-me excluído.
Não me chateia que alguém comece com histórias da teoria heterótica das supercordas, nada disso. É um tema que pouca gente conhece.
Agora, quando começam a falar de “podcasts”, e de “twitter”, e de ódio-books... jasus.

Pois estes últimos dias estive num universo paralelo deste género. Numa festa de anos de uma tia avó minha, rodeado de primos e primas e tios e tias, família muito conservadora, a raiar o monárquico (consta que um dos meus tios, aquando das eleições, risca os candidatos todos e coloca um soberbo “Viva d’El Rei” no boletim de voto), de educação e trato esplêndido. Pois um dos meus tios saca do computador, liga-o à net, porque precisava de regar as alcachofras. Não estou a brincar. A minha tia agradece-lhe o facto de ele ter enxotado os texugos da sua quinta, seja lá o que isso for. E de repente toda a gente tem quintas, uns crescem ananases, outros colhem os tomates, outros têm as vacas carregadas de leite e têm de ser ordenhadas. Uns têm de se levantar de madrugada para adubar os nabos. Os rabanetes apodrecem, a aveia rendeu muito na última safra, é preciso comprar um tractor, as cerejeiras já medram. Tudo isto no conforto do lar.



Mas que raio de universo paralelo é este? E porque é que eu não tenho uma quinta? E porque é que sinto sempre um aperto no peito sempre que toda a gente fala de alguma coisa que me escapa completamente?

Tenho medo.


Moder!

Cara Mãe

Finalmente dei o grande passo! Casei com o meu grande amor, a Frøydis. Casei-me cá na Noruega, e foi uma cerimónia muito bonita. Desculpa não vos ter convidado, mas sabes como o pai fica quando se fala no “Jabba the Hut”, como ele gosta de a chamar.
Ele que fique sabendo que a Frøydis é uma excelente mulher, muito carinhosa e inteligente, e independentemente do que o pai pensa, é uma mulher lindíssima, e não nenhum “manatim obeso”.

Já acabou o meu serviço militar no Afeganistão, onde a minha cabeça estava preenchida sempre com pensamentos sobre a minha Frøydis e sobre os carinhos que ela me daria quando chegasse. Cozinha muito bem, e é muito engraçada.

Ao contrário do que possam pensar, a Frøydis não está grávida (de um “erro da natureza”, como diria o pai). Casei-me com ela porque a amo e é a mulher da minha vida. Casei-me num lindíssimo fiorde, a cerimónia foi muito bonita. Eu e Frøydis sentimo-nos como verdadeiras almas gémeas, pois a minha própria sogra trata-me como o pai trata a minha Frøydis. Chama-me de “areque seco” e “musaranho sifiloso”, e acham que a sua linda filha merece alguém mais bonito. Enfim... tudo o que me interessa é que a Frøydis e eu sabemos que nascemos um para o outro.
Espero que esteja tudo bem por aí. Dá beijinhos ao pai, faz-lhe ver que não lhe quero mal.
Mando-te uma fotografia do nosso casamento.

Sempre teu,

Yngve




11 de dezembro de 2009

Hão de ter filhos lindos.


Pouca vergonha do caralho.

10 de dezembro de 2009

Air Accordeon

Eu sou campeão mundial de Air Accordeon.

Não estou a brincar, sou mesmo. Toco um acordeão feito de ar. Ganhei várias taças (feitas de ar), e tenho vários diplomas e medalhas (todos feitos de ar). Lamento, mas é a pura verdade: fui a vários campeonatos, todos na minha cabeça, e ganhei a vários concorrentes, todos imaginários. É só isso que basta, não é?

Eu gostava de saber tocar acordeão. Acho que é uma arte difícil, mas com um potencial de animação de festas ilimitado. Pode tocar-se em qualquer lado, e arranca sempre sorrisos aos ouvintes. Mas não sei tocar. Por isso toco um acordeão de ar, vou a campeonatos e ganhei medalhas, todas feitas de ar, num placo feito de ar em frente a uma multidão feita de ar. O que me impede?

Se gosto de surf, das ondas e das gajas, mas sou paralítico ou não tenho equilíbrio, meto-me no bodyboard. Se gosto de motas, pelo barulho e estilo de entrar de capacete nos cafés, mas tenho medo de cair e não gosto de me deitar nas curvas, compro uma moto-quatro. Se gostaria de participar numa corrida de automobilismo, mas não tenho dinheiro, compro um fato à prova de fogo, umas luvas e botas da Sparco e meto-me nos karts.
Se sou um duro, e gosto de tudo o que tenha a ver com guerra e armas de fogo, e gostava de participar numa batalha, mas os tiros aleijam e o sangue custa muito a sair da roupa, meto-me no paintball. Se sou um pseudo-Livigstone com pendor Nazi, meto-me nos escuteiros: Gasto uns mil euritos em material de campismo e vou acampar a meia-hora de casa. E perco-me no meio da Serra da Estrela e vão-me buscar gastando o dinheiro dos contribuintes.


SIEG HAIL!!
Escuteiros: um grupo de crianças vestidos de idiotas,
liderados por um idiota vestido de criança.


Finalmente, o Air Guitar. Presumivelmente, o desporto mais estúpido alguma vez inventado. Mesmo o curling, o bowling, qualquer desporto de ski e o cricket, todos juntos, não conseguirão nunca atingir o nível de idiotia académica do Air Guitar.



Air Guitar: em português, "esquizofrenia"

Por isso, como não era campeão de nada, sou agora campeão de Air Accordeon. Se houver críticos por aí, daqui vai um belo de um Air Pirete para vocês todos.
Abraços.


9 de dezembro de 2009

Viseu - Vista aérea

XPTO

XPTO. Ninguém sabe o que é, mas toda a gente o usa nos seus discursos. XPTO é cada vez mais ubíquo, e cada vez mais irritante. Vamos analisar as suas implicações.

Normalmente, XPTO é usado em duas situações:

— Quando um objecto faz mais do que aquilo para que foi desenhado, normalmente algo pateta, é XPTO.

— Quando não se sabe para que é que um objecto normalmente banal serve, mas o seu pedante dono gaba-se de o ter e de o esfregar na cara de quem o não tem. Esse objecto é XPTO.

Vou dar alguns exemplos de quando se pode utilizar o XPTO e quando não. De notar que isto não é a minha opinião, mas sim lei. Para que quem use a expressão a saiba usar convenientemente, e de preferência o mais raramente possível.

Qualquer lâmina de barbear que leve pilhas para eriçar os pêlos da barba, ou que tem gel de Aloe-Vera incorporado, ou que tem nomes como “Mach 3 Turbo Champion GT 4WD” é uma lâmina XPTO.
Aquele detergente Skip, ou Tide, ou lá o que é, que tem “tecnologia anti-borboto”, é definitivamente um detergente XPTO. Nunca na história ocidental se usou o prefixo “anti” numa coisa tão parva como o “borboto”.
Os relógios de pulso que mudam os canais de televisão é XPTO, em qualquer lado no mundo.

Agora, não se diz “a empresa XPTO”. Diz-se “a empresa x, e o director y”. “x” é uma incógnita apenas, “XPTO” é um qualificativo.
Uma nave espacial, ou um carro de corridas, nunca é XPTO. Pois é um produto tecnológico per se, em que toda a maquinaria empregue serve sempre um fim, quase nunca pateta.
um frigorífico, uma máquina de lavar, um micro-ondas, nunca é XPTO. A não ser que se possa accionar com o relógio de pulso.

Os artigos de roupa não são XPTO, a não ser se repelirem a água. Os cintos também podem ser XPTO, se forem de marca e preço impronunciável, e os óculos também, se forem daqueles sem aros que dão aos donos um ar pateta.

Quase todos os fatos de mergulho, skis, termos, aquários de água salgada, ténis de basquetebol e equipamentos de ginásio são potencialmente XPTO.

Pessoas NUNCA são XPTO. Livros, música, ideias, palavras, roupa de cama, candeeiros não podem ser XPTO.
Lâmpadas e torneiras podem perfeitamente ser XPTO.
Estamos entendidos?

Agora, para a explicação do termo.


ETIMOLOGIA DO XPTO

Como seria de esperar, a origem de um termo parvo tem de ser parva também, até por uma questão de coerência.

Consta que estavam duas pessoas, uma em cada margem de um rio. Uma delas pergunta à outra como é que se passa para a outra margem. A outra era muda, e responde, escrevendo na areia: “XPTO”.

A primeira reflectiu um pouco, depois obedeceu e atravessou o rio para o outro lado.
O que é que a segunda quis dizer? Ora, o “X” é o número 10, em romano. E o último “O”, não é uma letra mas também um número, o zero, ou “nada”. Assim, o que essa pessoa quis dizer era precisamente “Despe-te e nada!”
Brilhante, não?
Ficai a saber, antes de andar a largar XPTO’s à balda.

5 de dezembro de 2009

4 de dezembro de 2009

Salvem os tomates do Tommy

Tommy é um gato.
E precisamente devido a este facto, comporta-se como um gato: Entra e sai de casa às horas que quer, gosta de dormir nos parapeitos em dias ensolarados, e de passar dias fora de casa quando as gatas o solicitam. Gosta de ronronar no sofá, de se enroscar à volta das pernas das pessoas, e de lamber os seus colhões.
Colhões esses que estão em perigo.



Tommy, depois de meses de orgias desregradas, de onde voltava todo sangrado e arranhado e comia o equivalente ao seu próprio peso, veio a suscitar junto dos donos a hipótese de ser irreversivelmente castrado.

Tudo isto me parece muito mal, e venho desta forma pedir-vos que intervenham para impedir a castração do Tommy. Tommy é um gato muito simpático, que só quer mimos e dar umas marteladas nas gatas da vizinhança. Sim, faz muito barulho de noite (como todos os apaixonados), e chega a casa depois de dias de ausência e muito maltratado. Mas feliz! Será melhor tornar o Tommy num autómato gordo e paneleiro, a suspirar horas a fio pela casa fora, a queixar-se das berlaitadas que ficaram por dar? Um amorfo mamífero, passando horas no sofá a comer gelado de baunilha e a ver a Oprah? Lambendo o sítio onde antes estavam as gónadas, e ansiando para que lhe acabem com a miséria?
Deixo isto à vossa consideração. Peço-vos que manifestem contra esta injustiça, em nome do Tommy e também em nome de todos os gatos que o querem continuar a ser.
Aceda a http://www.salvemoscolhoesdotommy.com e deixe o seu nome.
Tommy agradeceria, se pudesse.

28 de novembro de 2009

O Magic

— Hum... Ok. Viro três planícies, e ponho uma Albarda Plúmbea na tua Mula do Além.
— Ok. Como instantânea, desfaço a Albarda e baixo um Hipopótamo Obeso.
— Atacas?
— Não, deixo assim. É a minha vez? Baixo um Rato Leproso das Planícies.
— Acabaste? Anulo o teu Rato com um Caldeirão de Rancho.
— Cabrão.
— Sou eu? Baixo mais uma floresta, viro o mana todo e baixo um Gato Siamês Samurai.
— Ha! Já foste! Anulo o teu Gato Siamês, e acabo contigo com o...

LANÇAMENTO DO CÃO VESGO E ORELHUDO!


Pantufa já não achava piada aos serões em casa do Quim.

22 de novembro de 2009

Encosta-te a Mim

Dois músicos, Bill Withers e Jorge Palma, separados por milhares de quilómetros, vários anos, cor da pele e quantidades de álcool. E no entanto, o paralelo é evidente: não estou a dizer que é plágio, mas que de certeza que o Jorge conhece a obra do Bill.
Vamos ouvir:




Às vezes, nas nossas vidas, todos temos dor
Todos temos chatices
Mas, se formos espertos
Sabemos que há sempre amanhã

Encosta-te a mim, quando não és forte
E eu vou ser teu amigo
Eu ajudo-te a seguir
Porque não há-de faltar muito
Até eu precisar
De alguém para me encostar

Por favor, engole o teu orgulho
Se tenho coisas que queres emprestadas
Porque ninguém consegue preencher as tuas necessidades
Que tu não mostras.

Tu telefona-me, irmão, quando precisares de uma mão
Todos precisamos de alguém para nos encostarmos
Até posso ter um problema que tu perceberias
Todos precisamos de alguém para nos encostarmos

Encosta-te a mim, quando não és forte
E eu vou ser teu amigo
Eu ajudo-te a seguir
Porque não há-de faltar muito
Até eu precisar
De alguém para me encostar

Tu telefona-me, irmão, quando precisares de uma mão
Todos precisamos de alguém para nos encostarmos
Até posso ter um problema que tu perceberias
Todos precisamos de alguém para nos encostarmos

Se existe um peso que precisas de levar
E não consegues carregar
Estou mesmo acima na estrada
Eu partilho o teu peso
Basta chamares-me

Chama-me, se precisares de um amigo
Se precisares de uma mão
Chama-me, chama-me.


17 de novembro de 2009

Um trampolim para o Urso Polar

Toda a gente a criticar Viseu, que é muito quente no Verão e frio no Inverno, e que chove muito, e que não tem comboio e praia e mais não sei o quê. Eu quero ver quando as calotas polares começarem a derreter a sério. Eu quero ver essa malta de Lisboa e do litoral em geral a ficarem com os pés molhados e subirem de barbatanas para o seu T1 em Massamá. Quero ver isso. E depois têm de vir cá para cima. Vinham para a serra do Caramulo e da Estrela por causa do ar e do queijo, vão passar a vir por causa do arenque e da pescada. E eu vou estar quentinho na minha terra do coração, a fazer rios de dinheiro com excursões submarinas ao Bairro Alto e a Alfama.
BAAAAAAZING!


O Peixe-Gato


...ta que pariu...

13 de novembro de 2009

Passo.


Não quero, man. Já me deixei dessa merda.

12 de novembro de 2009

O Tesão

Sabeis aquele tesão surpresa? Aquele tesão que se insinua sem razão aparente, quando o resto do corpo está relaxado? Aquele tesão de curiosidade, de um “Olá! Tudo bem? O que é que se passa aí?" A meio da manhã, no meio de um auditório, quando estamos de fato a meio de uma formação sossegada, a cabecear com o queixo apoiado na mão, e sem nada que o fizesse prever, pimba!, estamos de tenda armada? Pois bem, aconteceu-me hoje.

Não sei bem como se passou, qual foi o estímulo. Uma perna desnuda, uma brisa, um roçar de collants, uma alça de soutien, um caroço de pêssego a germinar fulminante na cadeira. Nada de consciente, obviamente. Mas é como se fora um torpedo lançado de não sei onde, que perfura o meu córtex como se fosse água, atinge o meu sistema límbico e explode. E o cogumelo atómico surge uns palmos mais abaixo.

Compreendo porquê, biologica e racionalmente faz sentido. É uma reacção normal do corpo, e a malta é jovem. Compreendo também a função do tesão a longo prazo: A formação onde estou serve para supostamente melhorar o meu trabalho, supostamente para eu o manter e ganhar dinheiro, para supostamente eu ser bem sucedido na construção de um lar e no recrutamento e manutenção de uma companheira fértil que supostamente queira ter os meus filhos.
E para ter filhos, é preciso ter em conta o aparelho reprodutor da mulher; a fecundação acontece uns centímetros dentro do seu corpo. E para isso, não servirá uma verga mansa e mole, seria como jogar bilhar com uma corda. Mas também não preciso de um dólmen de granito como tenho agora! Durante a formação não preciso de tesão: a probabilidade de ela ser usada é muito próxima de zero. Nem em filmes.
Mas um tesão é um tesão, auto-explicativa, e não necessariamente desagradável. Significa que sou jovem, vigoroso, umas vezes atento e outras entediado.
Agora, é inoportuno porque é difícil de o esconder dentro de calças finas de fato, principalmente se tiver de me levantar e falar em público (que felizmente não foi o caso). E é desagradável ter de desperdiçar um tesão tão vigoroso, desafiante e duradouro, quando, daqui a uns anos, possa vir a precisar dele.

8 de novembro de 2009

Para trás!

Para trás, já. A sério.

7 de novembro de 2009

Casamento.

Parece que existe uma teoria que postula a razão das datas dos casamentos serem, na sua maioria, em Maio. E qual é a razão das noivas levarem tradicionalmente o Bouquet, o ramo de flores. Parece que tem a ver com o facto de ser a altura da polinização das flores, e que levar um ramo de flores ajuda a camuflar o cheiro da noiva.
Aparentemente, a higiene na altura não era a mesma que é hoje, e tomar banho era um acontecimento.

Tudo isto para explicar como são os casamentos hoje. Não estou a duvidar que toda a gente sabe como são os casamentos; todos nós passámos por eventos desses. Desde bebés, em que éramos todos apinocados, e ninguém nos censurava se nos babássemos para cima do leitão (aliás, nem agora). Quero apenas formalizar a coisa, descrever um padrão (acredito que haja vários), denunciar a exactidão da festa que é, e que se for boa, é de arromba.

E por isso vou descrever esse evento. Escrevo na primeira pessoa do plural, por uma questão de simplicidade narrativa.

Chegamos à missa, meia-hora depois de ter começado. A ressaca é mais que evidente. No caminho para lá, várias esplanadas de cafés/pastelarias normalmente vazias num Sábado ou Domingo de manhã estão cheias de personagens, normalmente miúdos na casa dos vinte, todos bem vestidos, todos com gel na cabeça e de óculos escuros. Estão às dez da manhã a malhar finos, ou turbos, que é martini com cerveja. Ir-se-ão juntar aos restantes convidados, no fim da missa, já num belo estado.

Chegamos ao sítio estipulado (depois de nos tornarmos visíveis na missa “olha viste como afinal ele veio?”), e começamos a distribuir cumprimentos por alguns conhecidos, nada de muito visível. Queremos manter o baixo perfil.

Toda a gente está bem vestida. Observamos a prima, como é possível ela já estar tão crescida. Está uma mulher feita. E o primo, a última vez que estive com ele estava com ele aos braços. Agora é mais alto que eu, tem cabelo ao lado, e diz com uma voz muito grossa “estou a tirar engenharia mecânica no Porto”. E depois o miúdo já diz palavrões, como se fossem unhas num quadro de lousa: “Ontem estavas todo fodido, pá”, a rir-se.

Decide-se quem vai à frente de carro. Prioridade para quem diz saber onde é o sítio, depois para quem conhece alguém que sabe onde é o sítio, depois para quem tem GPS, depois para o mais convincente.
Chegamos ao copo d’água, e é o animal social. Toda a gente a dirigir-se ao balcão das caipirinhas, e depois ao das bebidas brancas, a pedir gins tónicos e uíques e licores Beirão. Isto às três da tarde, em jejum. Nós optamos por um joy de laranja.
Começamos a comer os aperitivos, obviamente, e a manter conversa com todos os comensais. Em pé, sentados nas cadeiras, ao balcão, lá fora. Formam-se grupos, envolvendo as pessoas mais carismáticas. Num casamento é fácil vermo-nos livres duma conversa qualquer, na mesma medida que é fácil meter conversa com alguém. “Vou só ali buscar mais caldo verde, até já”, ou “então como vai o bodypump”.

O cássico num casamento será sempre aquela coxa de caranguejo frita, o rissol, o croquete, a salada de polvo, a salada de orelha, a dobrada, a chouriça, a morcela, o camarão, a santola.
Dirigimo-nos ao cartaz que nos indica as mesas como tropas à procura da localização.
Às vezes só têm os primeiros nomes (porque não sabem os outros) e vemos nomes assim “Quinzinho”, “Janeco”, “Tarzan” numa mesa. Se ficarem todos juntos, é a mesa que está sempre a pedir que os noivos se beijem, são os que bebem mais e partem mais copos.
A atmosfera começa a desanuviar-se, e o facto de as mesas terem seis garrafas de vinho tinto e seis de branco, antes de vir qualquer comida propriamente dita, às seis da tarde, ajuda. E sentimos alguma dificuldade e embaraço quando, enquanto esperamos pela comida, temos de nos levantar para ir à casa de banho, e a coordenação já não é a mesma desde a última vez.

E a partir de certa altura, já toda a gente é amiga, e conhecemos os convidados da noiva ou do noivo de qual for que não conhecíamos. Jogamos à sardinha com algum miúdo, alguém foi dar uma volta no Subaru de alguém, alguém anda à porrada com alguém por causa de algum mal entendido, as velhotas acham um piadão aos velhotes a dançar. Falamos com miúdas que, apesar de já bem dentro da puberdade, e fazendo disso gáudio, podiam ser nossas filhas; e a quem se dissermos que também gostamos de Tokio Hotel podemos ter hipótese de fazer algo que nos levará à prisão.

O andamento vai alto, a animação também. Bebemos copos com os membros da banda, que serão úteis na altura de nos dar boleia. Convidados passam com os guardanapos na cabeça, as gravatas atadas à testa. Alguns abraçam o noivo e choram, algumas abraçam a noiva e também choram. Sermãos subtis ao genro e nora, charutos distribuídos pelos homens e cactos às mulheres. Crianças que já beberam quinze cafés, porque os empregados se estão a marimbar. Empregados esses com piercings, que fogem subrepticiamente do serviço para ir fumar canhões para o parque de estacionamento.

Tudo está alegre, e ninguém se arrependeu de ter ido. Come-se creme de legumes, depois bacalhau com natas, depois vitela assada com castanhas, depois o leitão. Tudo com nomes muito mais elaborados, obviamente. Depois a sobremesa e os aperitivos, e voltamo-nos a levantar e cirandar pelo local, e toda a gente está mais lenta do que antes, e mais melada e mais franca. Os noivos cumprimentam os convidados.
A noiva está geralmente muito maior que o noivo; alta, alva e resplandecente, com as borbulhas camufladas com base. O noivo anda às voltas, a rir-se para toda a gente, normalmente muito mais acessível que a noiva. Nas mesas circulam piadinhas sobre como será a noite de núpcias, e é a altura, mais calma, onde se perguntam aos noivos onde vai ser a lua-de-mel. Emitem-se opiniões de agrado e conhecimento "Já lá estive em 2002, gostei muito, cuidado com os gajos do mercado".

Fazemos as despedidas. Brincamos com as crianças, que estão rabugentas do sono e dos dentes, e brincamos com toda a gente.
E depois vamos para casa, mal dispostos da tanta comida que se pode chamar igualmente de almoço e jantar.

Existe o follow-up: os noivos aparecem de visita uns meses depois, a noiva grávida de mais meses do que o tempo que passou desde que o casamento deixava suspeitar. E agradecemo-nos mutuamente a visita, vai tudo para o seu sítio, e depois para a semana que vem temos outro casamento.

6 de novembro de 2009

Convite

Caros amigos e família!

Venho desta forma convidar-vos para a minha festa de aniversário. Como alguns de vós sabem, o meu aniversário é no dia 25 de Dezembro, e vou fazer uma festa na noite de 24. Convido já com esta antecedência porque sei por experiência própria que muitos de vós podem estar ocupados nesta altura.
Assim, posso afinçar-vos de que se trata de uma festa mais intimista. Não vai haver música, mas o ambiente vai estar aquecido graças a uma vaca e um burro contatados para o efeito. Em princípio iremos jantar ao restaurante “O Estábulo”, na Avenida de Belém.
Caros Reis Magos, se me estão a ler, estão obviamente convidados. Peço-vos é o favor de elaborarem um pouco mais as prendas este ano...
Gaspar, se não estás com paciência para me comprar nada, podes trazer o ouro na mesma. Melhor ainda seria se me desses directamente o valor desse ouro em Euros, mas fazes como quiseres. Melchior, por favor, mais incenso não. Se estiveres na onda de trazeres uma planta aromática, prefiro que me tragas um saquinho de marijuana. E tu, Baltazar, não me tragas mirra outra vez. Nem sei o que é essa merda nem para que é que serve. Prefiro que me compres uma Playstation.
Bom, e é tudo. Vai ser uma festa porreira, espero que apareçam. Quando chegarem, podem encontrar-me n’O Estábulo. Vou estar nas palhas deitado.

P.S. Por favor não comecem com as piadinhas da minha mãe ser virgem. Bem sei que a senhora está taralhoca, mas não há necessidade de voltar a trazer o assunto à baila.

Cumprimentos!




4 de novembro de 2009

3 de novembro de 2009

Load aspas aspas


Hoje é um dia em que me sinto particularmente feliz.
Feliz porque tive uma experiência terra a terra, daquelas em que uma pessoa consegue como que afastar-se de si próprio e olhar a sua vida em perspectiva. O que é a felicidade, hoje em dia? Em que é que penso para me sentir feliz, ou infeliz? Dinheiro, amor, beleza, sexo, a saúde, o trabalho, copos, os amigos? O que é que tenho e o que é que me falta? E porque é que é tanta coisa, tantas variáveis, como seu eu fosse uma marioneta e todos estes factores fossem os fios que me puxam? Bastando uns poucos misturarem-se para a marioneta não se mexer mais... Porque é que é tudo tão complicado?
Daí que tive uma epifania. 
Dos bons velhos tempos em que tudo era mais simples.



Descarreguei uns poucos de uns jogos para o meu computador. Fui buscando jogos antigos, e com cada momento que passava a minha memória eram activadas, ou mesmo assoladas, com recordações de tempos felizes. Cheiros, padrões, cores da minha infância.



Na altura, felicidade era isto. Só isto. Meter uma moedinha, e desatar a distribuir socos por maus e dinossauros.



Não havia nada para me chatear, nem sequer os trabalhos de casa. Tardes e tardes passadas em frente a um monitor, ou depois numa máquina de arcada, a andar de fórmula um, dar tiros em naves e/ou bandidos, evitar buracos e rochas e os tiros dos maus.

O que é que faltava para se ser feliz? Sexo eu não sabia o que era, sabia que era sujo. Álcool? Tão-pouco... Na altura era Trinaranjus e Caprisone. Dinheiro? Só para pôr a moedinha ou para comprar os chupas: os valores envolvidos eram negligenciáveis. Os amigos... os amigos apareciam às vezes, mas mesmo que não aparecessem eu andaria aos tiros aos cowboys sozinho a tarde toda.



A felicidade era só isso. As memórias a médio prazo, aquelas com 10 ou 15 anos, revelam-se quase sempre uma frustração quando reavivadas. Os Macgyvers, os Robocops, o Sega Rally. Quase sempre nos dão um amargo sabor a nostalgia, pensando nós “como era possível eu ter gostado, e mesmo amado isto?”

Agora aquelas memórias antigas, temperadas pela pátina dos tempos, quando não éramos sequer pessoas completas... Essas deixam-nos num frémito quando as revisitamos, saboreamos todos os segundinhos com medo que acabe.
Encontrei o Commando!!



Lembro-me de, com 9 ou 10 anos, viciado no meu ZX Zpectrum 48K (que na verdade era um Timex) ter passado uma tarde inteira a desmontar o meu leitor de cassetes, pois ele começou a desbobinar a fita do Commando, o meu jogo favorito, entranhado e entalando a fita toda dentro das suas tripas. Passado uma tarde, consegui, e o jogo continuou a funcionar.

E na feira, uns anos mais tarde, o bolso cheio de moedinhas, eu com cólicas das farturas e das gomas, a gastar níquel atrás de níquel na máquina da Mille Miglia, no meio de um remoinho de néons, ciganos, fumo a cigarro, o cheiro inqualificável das casas de banho.



E recuando outra vez, na minha primeira década, onde havia um salão de jogos em frente a minha casa chamado Solar (agora é um loja chinesa) que tinha o Moon Patrol! 20 escudos custava um jogo.



Por sinal, a primeira máquina a incluir o mal-amado “continue”, permitindo ao jogador continuar a gastar dinheiro aon invés de fazer o seu melhor com apenas um crédito.
Permissa simples: Um carro na lua, manda tiros para a frente e para cima ao mesmo tempo. Tenho de matar os discos voadores e saltar os buracos.

Era tão bom... e tão simples que assim fosse sempre! Mas hoje não, os miúdos estão demasiado ocupados para se divertirem com jogos de vídeo. Hoje já não gostam de passar tardes em frente aos monitores, estimulando a imaginação, salvando princesas, matando extra-terrestres, comendo bolinhas e fantasmas. Hoje preferem o pião, andar pela rua à toa, jogar à bola e namorar. Já não melhoram a resposta mão-olho, querem lá saber de computadores e jogos de vídeo. Para eles a diversão é outra; é trepar às árvores e fazer corridas de rolamentos. Não admira que a juventude ande mais apática.

Eu, por mim, ando feliz de repente. Tenho aqui os jogos da minha infância. Nem tenho de esperar 4 minutos que carreguem, nem de gastar níquel, nem de mais nada. Jogo quando quero, tenho na mesma os beijinhos da mãe e uma sandes de fiambre, ando gordo, corado e com inícios de epilepsia. Melhor que isto só mesmo ter aqui um expositor de gomas da Hussel.


1 de novembro de 2009

Caga Nisso



Quando eu me encontro em tempos de apuros
A irmã Maria vem ter comigo
Sussurando palavras de saberoria
Caga nisso.

E na minha hora de escuridão
Ela está mesmo à minha frente
Sussurando palavras de sabedoria
Caga nisso.

Caga nisso, caga nisso,
Caga nisso, caga nisso.
Sussurando palavras de saberoria
Caga nisso.

E quando as pessoas de coração partido
Que vivem no mundo concordam
Vai haver uma resposta
Caga nisso.

Apesar de terem partido pode haver
Uma chance que vão ver
Vai haver uma resposta
Caga nisso.

Caga nisso, caga nisso,
Caga nisso, caga nisso.
Vai haver uma resposta
Caga nisso.
Caga nisso, caga nisso,
Caga nisso, caga nisso.
Sussurando palavras de saberoria
Caga nisso.

... e continua.

Eu nem sou do Benfica (até porque tenho estudos), mas confesso que o Braga mereceu ganhar. E o meu pai bem vaticinou, “O Benfica vai perder dois a zero porque vai ter medo”.

29 de outubro de 2009

A Arte da Guerra

Comprei mais um clássico da literatura. E este é um clássico nobre, masculino e útil, ao contrário daquelas pepinices tipo “Principezinho”, “Madame Bovary”, “O amante de Lady Chatterly” e quejandos.

Trata-se d'A Arte da Guerra, de Sun Tzu, um famoso tratado sobre estratégias militares e ciência política. Segundo alguns, é a obra sobre guerra mais importante de sempre, à frente do seminal Vom Kriege, de Carl Von Clausewitz, e da obra de Maquiavel, embora seja discutível (eu, por exemplo, concordo apenas em parte).
Ora, comprei-o e li-o. Constou-me que ainda hoje é utilizado pelos altos quadros de gestão, uma vez que os seus ensinamentos não transversais a todas as ciências que envolvam liderança e porrada.
Eu, por mim, não sei como sobrevivi até agora sem ter lido A Arte da Guerra.
Vou transcrever alguns ensinamentos que lá constam, e fazer um pequeno jogo ao mesmo tempo:
Além dos ensinamentos de Sun Tzu, acrescentei alguns da minha autoria.
Quem souber quais são ganha uma grade de minis.

1 - Um líder sábio terá em conta nos seus planos tanto as vantagens como as desvantagens.

2 - Os espiões infiltrados são oficiais do inimigo.

3 - Adoro o cheiro a napalm pela manhã.

4 - Um líder sábio, mas prudente, é um líder vitorioso.

5 - Se for vantajoso, avance; caso contrário, permaneça onde está.

6 - Quem anda à chuva molha-se, e nem tudo o que parece é.

7 - O terreno que ambos os lados podem atravessar é denominado acessível.

8 - Três características de um soldado são vitais numa batalha: a sua moral, a sua resistência e o seu colesterol.

9 - Na guerra, ganha geralmente o exército mais forte e mais bem preparado.

10 - Pondere e planeie antes de avançar.

11 - Na guerra, o caminho a seguir é evitar quem é forte e atacar quem é débil.

12 - Os soldados nunca fazem amor antes de uma batalha, pois não se gramam.

13 - A decisão de reunir ou dividir as tropas deve ser tomada de acordo com as circunstâncias.

14 - Em tempo de guerra qualquer buraco é trincheira.


Sun Tzu: Largando pérolas de sabedoria desde 600 AC.


26 de outubro de 2009

Um amigo meu falou-me deste vídeo. Apresentou-mo assim: "Já alguma vez viste um macacao a dar uma puta num mocho?"
Achei interessante, fui ver e aqui o apresento.

Macaco Dá Uma Puta Num Mocho




25 de outubro de 2009

O Mago

Parece que houve aí uma polémica relacionada com um livro. Um livro de histórias, grande, com imensas personagens. Foi escrito por vários autores, já é antigo mas mesmo assim lidera sempre as tabelas de vendas.
Ora, e parece também que apareceu também um autor bastante conhecido, e também reconhecido, a fazer uma crítica a esse livro. Ou aliás, escreveu um livro a criticar o primeiro.
Por alguma razão, os autores desse primeiro livro arrogaram-se de escrever a forma como tudo foi feito, do início da existência até ao fim.
O primeiro livro, como já disse, é enorme e está cheio de episódios, cartas, discursos, descrições, e imensas personagens. Uma dessas personagens é muito influente, principalmente na primeira metade do livro: Foi ela o motor por trás de tudo, desde a criação do universo, até às pessoas, os animais e as plantas e as pedras. Tudo foi criado por essa personagem.
Esse livro tem um twist, relativamente à personagem principal: Ele é descrito como alguém muito benevolente e sábio; alguém que tudo sabe, consegue fazer tudo, e estar em todo lado ao mesmo tempo.
Até aqui tudo bem. São tudo qualidades que o permitiram tornar-se uma influência em todas as pessoas, que tinham de o obedecer cegamente, pois sabiam que ele não tolerava bem o desrespeitasse... e aí é que o argumento adensa. Ele tem atitudes de puro sadismo, como destruir completamente duas cidades, alagar todo o planeta matando milhões, ou ordenar a outra personagem, um humano, para que matasse um filho para provar a lua lealdade. Interviu apenas no último segundo, quando o homem estava prestes a degolar o filho. Mas ele ama-nos, e o seu perdão é infinito.
Há outra história, com outro homem, que tinha dois filhos e um deles fugiu de casa. Enquanto o outro ficou a trabalhar com o pai. Quando o primeiro voltou, o pai fez um festim para comemorar. E o segundo perguntou porquê, já que ele próprio esteve todo esse tempo a trabalhar, enquanto o primeiro fugiu desse trabalho e em honra dele há um festim. A resposta do pai é tudo menos elucidativa. E outras, como um homem que viveu oitocentos anos e o seu filho setecentos e tal.
Lá para o fim, entrega a uma personagem secundária, mas muito importante, uma tábua onde estavam escrita uma espécie de guia de comportamentos, entre os quais instava a não se trabalhar ao Sábado, não cobiçar outra mulher que não a sua, e tratar os pais com respeito.

A segunda parte do livro retrata a vida de uma pessoa que se autoproclama filho da personagem principal da primeira metade. Ao contrário deste último, que nunca se mostra (e aliás, castiga quem o retratar), este é de aparência humana, embora faça coisas que desafiam a física, como andar em cima de água, transformar água em vinho, devolver a vista a um cego, etc.
Aparece também a antítese da personagem principal, alguém que encarna o mal, e há uma história em que este oferece pão ao personagem principal da segunda parte, e este, apesar de estar cheio de fome, não aceita, para provar que é capaz de aguentar.

E as histórias continuam, muitíssimas, quase todas com finais infelizes, de mortes, de castigos, de doenças.
Ora, esse tal autor que criticou este livro, assim como a sua principal personagem, foi por sua vez bombardeado por insultos e censuras. E porquê? Por uma simples razão.
Há muita gente que leva esse livro a sério, e de onde se pode aprender muita coisa. Muita gente que o leva tão a sério que considera que está acima de crítica (as pessoas que o escreveram e editaram foram elevadas uma categoria que lhes confere fama quase mundial).

Esse autor, bastante velhote, limitou-se a proferir a sua opinião, e aquilo que está realmente à vista de todos. Mas falhou apenas numa coisa: Tem idade suficiente para não ser ingénuo, e para não saber onde é que se estava a meter.

24 de outubro de 2009

Shotgun!

Para quem mora em Viseu, há sempre um pequeno poço de surpresas à espera de serem exploradas. Um destes poços encontrei eu ontem à noite, ao deambular pelas zona velha da cidade à procura de um poiso para terminar a noite.
Conforme alguns de vós devem saber, foi recentemente inaugurado, na Rua de Viriato, um funicular. Um funicular é um aparelho para transportar pessoas de um ponto para outro, em que estes pontos estão a altitudes demasiado diferentes para as pessoas percorrerem o percurso a pé.
Foi então inaugurado o Funicular da Sé, cuja foto mostro já de seguida:



Ora, é perfeitamente possível que alguns de vós estejam já a pensar no mesmo que eu... exacto, uma corrida de carros de rolamentos pelos carris abaixo! Pela noite dentro, quando não se vê vivalma, e o funicular está desactivado. Basta colocar alguém no cruzamento da Serpa Pinto, para evitar colisões entre o piloto do carro e um carro de um transeunte. Mas não é difícil, até porque é nesse ponto que o bólide atinge a sua velocidade máxima e é o melhor sítio para ver a corrida.

A bem da física envolvida, e para provar que deve ser emocionante, tomei a liberdade de fazer algumas contas.

Primeiro, fui observar o terreno ao GoogleEarth, para saber o percurso e o declive.



Temos então um percurso de 250 metros, com um declive total de 13 metros. A segunda parte é plana, o que é útil para travar. O percurso está assim esquematizado:



Ou seja, só na primeira parte é que se acelera. Já adivinho a pergunta que se coloca: Então e qual é a velocidade que se atinge?
Fiz as contas.



O nosso amigo Pitágoras indica-nos a distância percorrida, que são cerca de 79 metros.
A aceleração envolvida, uma vez que não é vertical mas sim em declive, é exactamente a aceleração gravítica (9,81 m/s2), vezes o coseno de α (que é o mesmo que dizer o cateto adjacente sobre a hipotenusa, ou seja, 13/79. Temos então a componente de aceleração, que é de 1,61 m/s2.
Entram agora duas fórmulas de cinemática sobejamente conhecidas:

x = x0 + v0t + ½at2

v = v0 + at

Para saber o tempo de descida, sei que a velocidade inicial é de zero, logo fica 79 = ½ x 1,61 x t2. Fazendo as contas temos que t = 9,84 segundos.

Continuando para a segunda fórmula, temos que v = 1,61 x 8,64. Ou seja, a velocidade a que se chega cá abaixo (sem atritos e resistência do ar, obviamente) é de 15,88 m/s.
Em unidades mais conhecidas, chegamos cá abaixo a 57, 17 Km/h. Com o cabelo a arder.
Excitante, não?
Mal posso esperar. Esta é uma fotografia nocturna da arena dos bravos.



Existe um pequeno promenor, que alguns de vós já devem ter reparado, que é a travagem. Ainda não calculei como vai ser, mas não deve ser difícil... Assim que souber, comunico-vos, e estão todos desde já convidados a participar.

23 de outubro de 2009

A Entrevista

Tomei conhecimento de um jogo muito engraçado, um pouco “underground”, que se arrisca a tornar uma moda entre os jovens empreendedores deste país, que estão desempregados e assim querem continuar.
O jogo é simples, trata-se de uma entrevista de trabalho. Ganha o jogo quem aguentar mais tempo durante a entrevista, sendo que a pontuação é dada pelos minutos que se aguentam, multiplicados por um factor, que vou passar a descrever.
Por exemplo, tratar o entrevistador por tu vale dois pontos. Assim, se eu for a uma entrevista de trabalho, tratar o entrevistador por tu e sair ao fim de 10 minutos, temos 10x2, ou seja 20 pontos.
Algumas atitudes que se podem ter, e que valem pontos, são as seguintes:

Tratar o entrevistador por tu: 2 pontos
Aparecer notoriamente bêbedo e cair da cadeira: 2 pontos (nota: se o cargo for de motorista, 5 pontos)
Peidar ruidosamente e com estardalhaço (levantando a borda do cu): 3 pontos
Apalpar a secretária à entrada: 3 pontos no rabo, 5 pontos nas mamas
Pronunciar as seguintes palavras: Merda, caralho, foda-se (ou derivados lexicais), puta (que pariu ou não), cona, piça: 2,5 pontos por cada palavra, sem repetições
Espirrar em cima do entrevistador e assoar-se à gravata: 1,5 pontos
Destruir algum aparelho de escritório: 3 pontos
Acender um cigarro: 2 pontos

Etc., já se percebe a ideia.

Sei que são muitos os pontos, e estes estão a crescer, à medida das várias sugestões deixadas pelos praticantes. Não os conheço todos, mas vou dar um exemplo fornecido pelo recordista actual deste jogo (que ainda não tem nome oficial, sendo conhecido apenas como O Jogo). Vou chamá-lo António, até porque é esse o nome dele.

O António dirigiu-se a uma multinacional cujo nome não me facultou, com o intuito de fazer uma entrevista para consultor júnior. Ora, o Jogo, para o António, começou na véspera (não se deitou). O seu pequeno almoço foram três chamuças e quatro cervejas. Depois bebeu dois uísques, um café com cheirinho, e abalou para a sede da dita multinacional. O seu fato estava aparentemente miserável, com nódoas de gordura e buracos de cigarros. Ao ser apresentado, quando a secretária abriu a porta e o dirigiu ao chefe, António mandou uma palmada no rabo dela, apertou-o e disse “Estás bem riginha, badalhoca!”. Entrou, sentou-se, e disse ao entrevistador (que era o Director de Recursos Humanos) “Méquié tás bom?”
O entevistador abanou a cabeça com ar incrédulo, e estava já a apontar-lhe a porta enrubescido. Mas o António não é o recordista por nada, e conseguiu ganhar tempo, comportando-se convenientemente, sempre no limite, e ganhando preciosos minutos. Chegou a pronunciar várias palavras pontuáveis, muitas vezes na mesma frase “Caralhos fodam os fornecedores, puta que os pariu!”. Chegou a peidar-se ruidosamente, camuflando o som com um arroto gutural.
Quando os seguranças chegaram, António conseguiu ainda pôr a fotocopiadora a arder, colocar o caixote dos papéis na cabeça e baixar as calças, saindo em braços do edifício.
Cá fora estava uma comitiva a recebê-lo e congratulá-lo, enquanto os juris faziam as contas. António esteve na entrevista durante exactamente 16 minutos, o que multiplicado pelos vários factores lhe deu uma inaudita pontuação de 2.162.500 pontos, quase duplicando o recorde anterior.
Ainda hoje está à procura de um adversário à altura.

15 de outubro de 2009

Net Rage?

Um fenómeno já conhecido é sem dúvida o “Road Rage”, nome de jogo de Playstation e de patologia. Trata-se da bestialização de algumas pessoas quando estão atrás do volante. Cidadãos de outra forma calmos, ponderados, e avessos à violência transformam-se em coiotes raivosos dentro do carro. Vociferam, insultam, gritam até a apoplexia. Do outro lado um idoso, uma mulher, outro homem, seja quem for. Pode ter uma cadeira de bebé atrás, uma velha no banco do lado a rezar o terço, não interessa. Se há um corte inusitado numa rotunda, um pisca que não foi feito, uma ultrapassagem mal calculada... OLHA-ME PARA ESTE(A) FILHA DA PUTA. Apontando ao alvo e gritando mesmo que se esteja sozinho no carro. Há formas mais suaves (ou incipientes) que é o murmurar em voz baixa mas dura para o opositor, porque ele pode não ouvir mas lê-me os lábios. “Onde é que tiraste a carta, caralho? Essa merda faz-se? [gesto de passar a mão aberta rapidamente em frente à própria cara, como que a chamar o outro de cego] Acorda, caralho! Abre os olhos! Foda-se...”. O gesticular violento, a apontar de onde é que veio, para onde vai ou devia de ir, onde é que ia batendo.



Felizmente, os casos mais graves estão em minoria. Porque o pior que pode ser, é quando um “Road Rager” dos piores, tout-court, encontra um outro em estado pelo menos tão avançado., uma alma gémea da barbárie. Acontece, como é lógico, uma escalada de violência, trocam-se piretes como galhardetes, e qualquer gesto de hostilidade de um é um catalizador para o outro. Um catalizador eficaz. No limite (e não é assim tão raro), saiem ambos os contendores dos carros, partem para a violência física, e pode degenerar finalmente em alguém ou ambos voltarem ao carro, abrir a mala e tirar de lá a chave de porcas.



É o complexo R a funcionar na sua majestosa plenitude; o centro primitivo das emoções animais, esmagado debaixo de camadas e camadas de massa cinzenta e de milhares de anos de evolução. Alguém pode morrer porque não ligou o pisca ou queimou um semáforo. Alguém que estava cansado e só queria chegar a casa a tempo dos anos da filha, ou que estava à rasca.



Ora, um fenómeno semelhante se passa no ciberespaço. Não é novidade para ninguém, presumo, pois já todos reparámos na diferença das personalidades de alguém que conhecemos pessoalmente e depois na internet. Nos mails e anedotas porcas que se enviam aos chefes e professores; pensamos isto é só um forward, não fui eu que o disse ou que tirei a fotografia.
Perdemos o tino. Quer no que respeita à violência e agressão, quer no que respeita à ordinarice. Lá vem o complexo R a cintilar. O mais educado dos homens, maduro, respeitador e magnânimo, vê-se numa sala de chat com uma mulher que nunca viu em pessoa e diz-lhe coisas que nunca lhe diria na cara. Atira à confiança “Havias de ser um frango para eu te meter um pau no cu e fazer-te suar”, ou “Ó linda, sobe aqui à palmeira e anda-me lamber os cocos”. E depois desliga o computador e volta a fazer os orçamentos.



Vou contar esta história, a título de exemplo:
Estava a jogar um certo joguito de tiros. Somos todos soldados armados, damos tiros uns nos outros, uns melhor outros pior. Arena mais que prenhe de impropérios, também uns melhores que outros.
Ora, estava a jogar contra outro jogador melhor que eu. Como é óbvio, insultei-o, chamando-o de “hack”, ou seja, que é um batoteiro e arranjou programas que lhe dopam o jogador. Começam os insultos mútuos, perguntou-me se eu conhecia um clã qualquer, disse-lhe que não, então vai lá ver, diz ele. Então porquê?, digo eu, porque se lá fosses vias que eu sou o 3º melhor jogador português de CF (um jogo semelhante).
Começo a gozar com ele, obviamente, enquanto dávamos tiros uns nos outros:
Arranja uma vida, morcão. Deves estar gordo que nem uma besta.
Não, sou levezinho. Pergunta à tua mãe. LOL.
Vai buscar. Calei-me, não há resposta possível.
Por alguma razão, as mães, como no futebol, são as mais violentadas. "Pára de mandar granadas, burro de merda!", "A TUA MÃE!", logo.
Num ambiente real, uma coisa deste género dita na cara de alguém só tem uma resposta possível, como é lógico. E é bem possível que quem esteja do outro lado seja um miúdo de 13 anos que não chega com os pés ao chão, ou um empregado da Zara com um piercing, ou um detective quarentão que joga com uma garrafa de uísque ao lado. Ou o inimigo final da internet.



Não interessa, nunca se saberá, são todas essas pessoas e outras, não são nenhumas.
Que tem a Road Rage e a Net Rage, à falta de melhor termo, em comum, digo eu? Duas coisas.
Primeiro, é a anonimidade. O facto de não se estar em frente ao visado (ou de nem o conhecer), e a única comunicação é a escrita. Não se olha nos olhos, não se ouve a voz, não há inibições. Só o complexo R funciona. E, por alguma razão, quando funciona sozinho, parte para a violência (o que me leva a concluir que o civismo é uma invenção recente da espécie humana).
A segunda vem no seguimento da primeira. A escrita não chega para comunicar. Perdem-se coisas que só existem ao vivo, para, por exemplo, pôr água na fervura. Um sorriso pacificador e brincalhão, um olhar reprovador, uma pancadinha no ombro.
Por defeito, todos escolhem a interpretação mais odiosa possível de todas, ninguém quer “ficar por baixo”, e gera-se uma reacção em cadeia, um mecanismo de feedback positivo, um bilhete de ida para o fundo do poço, cheio de nojo e bílis.
Pena que isto aconteça, e gostava de alterar a situação. Começando por mim, talvez, tentar pôr o complexo R no mínimo, e, em vez de perpetuar um ciclo descendente, rir-me de todas estas situações. E despedir-me delas com um privado mas rotundo "que se foda".






14 de outubro de 2009

O Cara


Existe um sítio...

Aos 40º38’54.48’’ Norte, 7º54’46.59’’ Oeste.
É a latitude e longitude
Posso descrevê-lo mais amiúde:
Fica na Quinta do Galo, esse paraíso
Tem muita gente, mas com pouco juízo.

Quem controla é o Sr. Carlos
Ou, para os amigos, o Cara
A cerveja flui, a risota não pára
Mas sempre no maior respeito!
Pois se entra algum meliante
Para os outros a fazer peito
Entra e sai do mesmo jeito,
Entra e sai de rompante.

Pois é, e vim a considerar
Este sítio uma casa, um segundo lar
Gosto da cor, da simpatia e da fauna
De chegar à tarde, no meio da calma,
Ficar para a noite, encher-me de força
Troçar da malta, galar uma moça
Faço cá fora os ganhos, lá dentro os gastos
Entro de pé, e saio de rastos!

Muitos parabéns, Cara.


Sr Carlos
14/10/1958 - ...

12 de outubro de 2009

Mr. Streets!!




Vítor Reininho



Sá Costa


Saddam Barreiros

Fica desde já aqui um grande abraço ao meu presidente pela sua vitória. Que tenha mais um mandato glorioso, e que continue a tornar Viseu a cidade maravilhosa que é.

9 de outubro de 2009

6 de outubro de 2009

The winner is...

Os prémios IgNobel são sempre um acontecimento. Entre outros, houve o IgNobel da Veterinária, por um estudo que mostra que as vacas com nome dão mais leite que as vacas sem nome; o IgNobel da Paz, que determina se é mais perigoso levar com uma garrafa de cerveja na cabeça se estiver cheia ou vazia; ou o da Química, para um cientista mexicano que consegue formar diamantes a partir de tequila.
Mas o mais precioso, para mim, foi o prémio IgNobel da Saúde Pública.
Foi atribuído à Dra. Elena Bodnar, por inventar um soutien que se pode transformar numa máscara facial (ou aliás, duas).


A Dra. Elena Bodnar decidiu inclusivamente mostrar a sua invenção, utilizando para isso um laureado legítimo dos prémios Nobel, o Dr.Wolfgang Ketterle, entre outros.



Ora, nada contra. Na eventualidade de um surto pandémico de gripe A, prefiro ser apanhado com um soutien na cara do que pelo vírus.

Mas já que assim é, podemos extrapolar um pouco. Também eu posso colocar uma patente: ao transformar as minhas cuecas suadas de 30 quilómetros de bicicleta e um almoço de grão de bico numa máscara facial, se esta for colocada correctamente, com o código de cores apropriado, posso garantir ao portador que este não morrerá de gripe A.



4 de outubro de 2009

Pimba, o Terror!

É preciso começar desde pequenino.

30 de setembro de 2009

As sereias são assim!


Pelo menos, na minha cabeça.



25 de setembro de 2009

Vindimas!

A todos os cabeças duras, que acreditam que as músicas em língua inglesa ficam tão parolas como as nossas depois de traduzidas, aqui vai a prova em contrário.
Trata-se de “I Heard it Through the Grapevine”, um original de Barret Strong e Norman Whitfield, popularizada pelo Rei Marvin Gaye.
A melhor versão que existe, na minha modesta opinião, é dos Creedence Clearwater Revival, uma banda Sulista, com sotaque e mestria.
Trata-se de um homem despeitado, quando, durante as vindimas, veio a saber que a sua amada iria em breve trocá-lo por outro homem.

Vamos ouvir.



Aposto que te indagas como eu soube
Ah, os teus planos para me deixar azedo
Com um outro gajo que já conhecias
Entre nós os dois, sabes que te amo mais
Apanhou-me de surpresa, devo dizer quando soube ontem

Oh, ouvi-o pela vinha
Por mais muito tempo, não vais ser minha
Oh, ouvi-o pela vinha
E estou quase a passar-me da pinha.
Querida, querida, yeah

Sabes que um homem não é suposto chorar
Mas estas lágrimas não consigo aguentar
Perder-te acabava com a minha vida, percebes
Porque é isso que significas para mim
Podias ter-me dito isso tu,
Que encontraste outra pessoa

Em vez disso, ouvi-o pela vinha
Por mais muito tempo, não vais ser minha
Oh, ouvi-o pela vinha
E estou quase a passar-me da pinha.

As pessoas dizem, “ouves pelo que vês”
Não, não, não, pelo que ouves”
Não posso evitar estar confuso
Se é verdade, não me dizes, querida?
Planeias deixar-me
Pelo outro gajo que conheceste?

Oh, ouvi-o pela vinha
Por mais muito tempo, não vais ser minha
Oh, ouvi-o pela vinha
E estou quase a passar-me da pinha.
Querida, querida, yeah

Entra um solo de guitarra zangada. A bateria desenvolve, e ouvem-se muitos pratos.

Volta a entrar outro solo de guitarra, desta vez um pouco agonizante.

Oh, ouvi-o pela vinha
Por mais muito tempo, não vais ser minha
Oh, ouvi-o pela vinha
E estou quase a passar-me da pinha.
Oh, ouvi-o pela vinha
Por mais muito tempo, não vais ser minha
Oh, ouvi-o pela vinha
E estou quase a passar-me da pinha.

O resto é instrumental, mas aconselho a ouvir até ao fim.

Temos mensagem. Nada de “um por todos todos por um”, ou “quero deitar-te numa cama de rosas”, ou “cada bafo que deitas eu estou-te a ver”.

Acreditam:

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