25 de outubro de 2009

O Mago

Parece que houve aí uma polémica relacionada com um livro. Um livro de histórias, grande, com imensas personagens. Foi escrito por vários autores, já é antigo mas mesmo assim lidera sempre as tabelas de vendas.
Ora, e parece também que apareceu também um autor bastante conhecido, e também reconhecido, a fazer uma crítica a esse livro. Ou aliás, escreveu um livro a criticar o primeiro.
Por alguma razão, os autores desse primeiro livro arrogaram-se de escrever a forma como tudo foi feito, do início da existência até ao fim.
O primeiro livro, como já disse, é enorme e está cheio de episódios, cartas, discursos, descrições, e imensas personagens. Uma dessas personagens é muito influente, principalmente na primeira metade do livro: Foi ela o motor por trás de tudo, desde a criação do universo, até às pessoas, os animais e as plantas e as pedras. Tudo foi criado por essa personagem.
Esse livro tem um twist, relativamente à personagem principal: Ele é descrito como alguém muito benevolente e sábio; alguém que tudo sabe, consegue fazer tudo, e estar em todo lado ao mesmo tempo.
Até aqui tudo bem. São tudo qualidades que o permitiram tornar-se uma influência em todas as pessoas, que tinham de o obedecer cegamente, pois sabiam que ele não tolerava bem o desrespeitasse... e aí é que o argumento adensa. Ele tem atitudes de puro sadismo, como destruir completamente duas cidades, alagar todo o planeta matando milhões, ou ordenar a outra personagem, um humano, para que matasse um filho para provar a lua lealdade. Interviu apenas no último segundo, quando o homem estava prestes a degolar o filho. Mas ele ama-nos, e o seu perdão é infinito.
Há outra história, com outro homem, que tinha dois filhos e um deles fugiu de casa. Enquanto o outro ficou a trabalhar com o pai. Quando o primeiro voltou, o pai fez um festim para comemorar. E o segundo perguntou porquê, já que ele próprio esteve todo esse tempo a trabalhar, enquanto o primeiro fugiu desse trabalho e em honra dele há um festim. A resposta do pai é tudo menos elucidativa. E outras, como um homem que viveu oitocentos anos e o seu filho setecentos e tal.
Lá para o fim, entrega a uma personagem secundária, mas muito importante, uma tábua onde estavam escrita uma espécie de guia de comportamentos, entre os quais instava a não se trabalhar ao Sábado, não cobiçar outra mulher que não a sua, e tratar os pais com respeito.

A segunda parte do livro retrata a vida de uma pessoa que se autoproclama filho da personagem principal da primeira metade. Ao contrário deste último, que nunca se mostra (e aliás, castiga quem o retratar), este é de aparência humana, embora faça coisas que desafiam a física, como andar em cima de água, transformar água em vinho, devolver a vista a um cego, etc.
Aparece também a antítese da personagem principal, alguém que encarna o mal, e há uma história em que este oferece pão ao personagem principal da segunda parte, e este, apesar de estar cheio de fome, não aceita, para provar que é capaz de aguentar.

E as histórias continuam, muitíssimas, quase todas com finais infelizes, de mortes, de castigos, de doenças.
Ora, esse tal autor que criticou este livro, assim como a sua principal personagem, foi por sua vez bombardeado por insultos e censuras. E porquê? Por uma simples razão.
Há muita gente que leva esse livro a sério, e de onde se pode aprender muita coisa. Muita gente que o leva tão a sério que considera que está acima de crítica (as pessoas que o escreveram e editaram foram elevadas uma categoria que lhes confere fama quase mundial).

Esse autor, bastante velhote, limitou-se a proferir a sua opinião, e aquilo que está realmente à vista de todos. Mas falhou apenas numa coisa: Tem idade suficiente para não ser ingénuo, e para não saber onde é que se estava a meter.

Sem comentários:

Acreditam:

Seguidores