30 de dezembro de 2009

Nostradânus

2010 vai ser o ano em que a Humanidade vai finalmente cruzar-se com a Robótica.
Vai ser o ano que vão aparecer brincos que são auriculares, pulseiras que são telemóveis, anéis que são máquinas fotográficas, fios dentais que são GPS’s. E tudo isto vice versa.

Vai ser o ano em que os humanos serão marcados como gado com microchips intradérmicos, que vai permitir a toda a gente saber onde está toda a gente a todo o tempo. Vai ser o ano em que os pais da Mafalda vão descobrir que aquele fim de semana em Julho, quando ela se ausentar, não é o Encontro Nacional de Escutas, mas sim uma festa de deboche e putedo em Ibiza com os dois namorados (sim, porque em 2010 a poligamia vai ser tolerada, para em 2011 ser prática comum).

Em 2010, vamos estar completamente alienados uns dos outros. Vamos comunicar apenas pela tecnologia. Vai aparecer o primeiro bebé mutante com uma entrada USB na nuca.

Os pais vão rotineiramente escolher o sexo da criança, via on-line, entre o jantar e a cópula (porque a cópula vai deixar de servir para reprodução em 2012).

Vai ser em 2010 que vai ser comercializada uma pílula para dormir que induz sonhos à la carte: primeiro vão aparecer os “sabores” Violar uma Prostituta, Ir de Avião Contra um Prédio, Matar o Chefe, Massacre no Lidl Com Uma M-16. Outros “sabores” se seguirão.

Vai aparecer um vírus que vai esterilizar os ciganos. As flores vão passar a ser todas de plástico.

As bombas vão deixar de fazer fogo e barulho, e vão passar a largar uma Hormona da Paz: os bandidos e terroristas vão pensar no que andam a fazer e a mudar os seus modos de vida. Grande parte deles começarão a trabalhar nas obras.
Os cães vão aprender a falar.
O LSD vai voltar, e vão começar a surgir plásticas ao sobrolho para camuflar a Neura.
Vão inventar laranjas que branqueiam os dentes, mas que causam úlceras gástricas. Pouco depois, inventar-se-ão figos que curam úlceras.

Os carros vão desenvolver sentido de humor.



22 de dezembro de 2009

QUE É QUE TU ME CHAMASTE?

Repete lá isso.
Meu filha da puta.

14 de dezembro de 2009

Pandam

Pandam é:

a) Um prato típico da Tailândia;
b) Uma bicicleta daquelas para várias pessoas, mas com rodinhas;
c) Fazer com que a roupa condiga;
d) Um tipo de calções de banho;
e) O estado de uma casa depois de uma festa em que toda a gente acaba bêbeda.


Sabeis aquelas palavras, ou expressões, que toda a gente conhece menos vós?
O sentimento de que são ignorantes, ou que passaram alguns anos a dormir ou numa ilha deserta sem contacto com o Mundo? Pois, eu sei bem essa sensação. E tem-me acontecido com frequência ultimamente. Esta última foi mesmo o “pandam” (para quem também ficou a leste, é a resposta c).

Mas foi apenas o corolário de toda uma existência que me passou ao lado. Coisas novas de que toda a gente fala, menos eu. Sinto-me excluído.
Não me chateia que alguém comece com histórias da teoria heterótica das supercordas, nada disso. É um tema que pouca gente conhece.
Agora, quando começam a falar de “podcasts”, e de “twitter”, e de ódio-books... jasus.

Pois estes últimos dias estive num universo paralelo deste género. Numa festa de anos de uma tia avó minha, rodeado de primos e primas e tios e tias, família muito conservadora, a raiar o monárquico (consta que um dos meus tios, aquando das eleições, risca os candidatos todos e coloca um soberbo “Viva d’El Rei” no boletim de voto), de educação e trato esplêndido. Pois um dos meus tios saca do computador, liga-o à net, porque precisava de regar as alcachofras. Não estou a brincar. A minha tia agradece-lhe o facto de ele ter enxotado os texugos da sua quinta, seja lá o que isso for. E de repente toda a gente tem quintas, uns crescem ananases, outros colhem os tomates, outros têm as vacas carregadas de leite e têm de ser ordenhadas. Uns têm de se levantar de madrugada para adubar os nabos. Os rabanetes apodrecem, a aveia rendeu muito na última safra, é preciso comprar um tractor, as cerejeiras já medram. Tudo isto no conforto do lar.



Mas que raio de universo paralelo é este? E porque é que eu não tenho uma quinta? E porque é que sinto sempre um aperto no peito sempre que toda a gente fala de alguma coisa que me escapa completamente?

Tenho medo.


Moder!

Cara Mãe

Finalmente dei o grande passo! Casei com o meu grande amor, a Frøydis. Casei-me cá na Noruega, e foi uma cerimónia muito bonita. Desculpa não vos ter convidado, mas sabes como o pai fica quando se fala no “Jabba the Hut”, como ele gosta de a chamar.
Ele que fique sabendo que a Frøydis é uma excelente mulher, muito carinhosa e inteligente, e independentemente do que o pai pensa, é uma mulher lindíssima, e não nenhum “manatim obeso”.

Já acabou o meu serviço militar no Afeganistão, onde a minha cabeça estava preenchida sempre com pensamentos sobre a minha Frøydis e sobre os carinhos que ela me daria quando chegasse. Cozinha muito bem, e é muito engraçada.

Ao contrário do que possam pensar, a Frøydis não está grávida (de um “erro da natureza”, como diria o pai). Casei-me com ela porque a amo e é a mulher da minha vida. Casei-me num lindíssimo fiorde, a cerimónia foi muito bonita. Eu e Frøydis sentimo-nos como verdadeiras almas gémeas, pois a minha própria sogra trata-me como o pai trata a minha Frøydis. Chama-me de “areque seco” e “musaranho sifiloso”, e acham que a sua linda filha merece alguém mais bonito. Enfim... tudo o que me interessa é que a Frøydis e eu sabemos que nascemos um para o outro.
Espero que esteja tudo bem por aí. Dá beijinhos ao pai, faz-lhe ver que não lhe quero mal.
Mando-te uma fotografia do nosso casamento.

Sempre teu,

Yngve




11 de dezembro de 2009

Hão de ter filhos lindos.


Pouca vergonha do caralho.

10 de dezembro de 2009

Air Accordeon

Eu sou campeão mundial de Air Accordeon.

Não estou a brincar, sou mesmo. Toco um acordeão feito de ar. Ganhei várias taças (feitas de ar), e tenho vários diplomas e medalhas (todos feitos de ar). Lamento, mas é a pura verdade: fui a vários campeonatos, todos na minha cabeça, e ganhei a vários concorrentes, todos imaginários. É só isso que basta, não é?

Eu gostava de saber tocar acordeão. Acho que é uma arte difícil, mas com um potencial de animação de festas ilimitado. Pode tocar-se em qualquer lado, e arranca sempre sorrisos aos ouvintes. Mas não sei tocar. Por isso toco um acordeão de ar, vou a campeonatos e ganhei medalhas, todas feitas de ar, num placo feito de ar em frente a uma multidão feita de ar. O que me impede?

Se gosto de surf, das ondas e das gajas, mas sou paralítico ou não tenho equilíbrio, meto-me no bodyboard. Se gosto de motas, pelo barulho e estilo de entrar de capacete nos cafés, mas tenho medo de cair e não gosto de me deitar nas curvas, compro uma moto-quatro. Se gostaria de participar numa corrida de automobilismo, mas não tenho dinheiro, compro um fato à prova de fogo, umas luvas e botas da Sparco e meto-me nos karts.
Se sou um duro, e gosto de tudo o que tenha a ver com guerra e armas de fogo, e gostava de participar numa batalha, mas os tiros aleijam e o sangue custa muito a sair da roupa, meto-me no paintball. Se sou um pseudo-Livigstone com pendor Nazi, meto-me nos escuteiros: Gasto uns mil euritos em material de campismo e vou acampar a meia-hora de casa. E perco-me no meio da Serra da Estrela e vão-me buscar gastando o dinheiro dos contribuintes.


SIEG HAIL!!
Escuteiros: um grupo de crianças vestidos de idiotas,
liderados por um idiota vestido de criança.


Finalmente, o Air Guitar. Presumivelmente, o desporto mais estúpido alguma vez inventado. Mesmo o curling, o bowling, qualquer desporto de ski e o cricket, todos juntos, não conseguirão nunca atingir o nível de idiotia académica do Air Guitar.



Air Guitar: em português, "esquizofrenia"

Por isso, como não era campeão de nada, sou agora campeão de Air Accordeon. Se houver críticos por aí, daqui vai um belo de um Air Pirete para vocês todos.
Abraços.


9 de dezembro de 2009

Viseu - Vista aérea

XPTO

XPTO. Ninguém sabe o que é, mas toda a gente o usa nos seus discursos. XPTO é cada vez mais ubíquo, e cada vez mais irritante. Vamos analisar as suas implicações.

Normalmente, XPTO é usado em duas situações:

— Quando um objecto faz mais do que aquilo para que foi desenhado, normalmente algo pateta, é XPTO.

— Quando não se sabe para que é que um objecto normalmente banal serve, mas o seu pedante dono gaba-se de o ter e de o esfregar na cara de quem o não tem. Esse objecto é XPTO.

Vou dar alguns exemplos de quando se pode utilizar o XPTO e quando não. De notar que isto não é a minha opinião, mas sim lei. Para que quem use a expressão a saiba usar convenientemente, e de preferência o mais raramente possível.

Qualquer lâmina de barbear que leve pilhas para eriçar os pêlos da barba, ou que tem gel de Aloe-Vera incorporado, ou que tem nomes como “Mach 3 Turbo Champion GT 4WD” é uma lâmina XPTO.
Aquele detergente Skip, ou Tide, ou lá o que é, que tem “tecnologia anti-borboto”, é definitivamente um detergente XPTO. Nunca na história ocidental se usou o prefixo “anti” numa coisa tão parva como o “borboto”.
Os relógios de pulso que mudam os canais de televisão é XPTO, em qualquer lado no mundo.

Agora, não se diz “a empresa XPTO”. Diz-se “a empresa x, e o director y”. “x” é uma incógnita apenas, “XPTO” é um qualificativo.
Uma nave espacial, ou um carro de corridas, nunca é XPTO. Pois é um produto tecnológico per se, em que toda a maquinaria empregue serve sempre um fim, quase nunca pateta.
um frigorífico, uma máquina de lavar, um micro-ondas, nunca é XPTO. A não ser que se possa accionar com o relógio de pulso.

Os artigos de roupa não são XPTO, a não ser se repelirem a água. Os cintos também podem ser XPTO, se forem de marca e preço impronunciável, e os óculos também, se forem daqueles sem aros que dão aos donos um ar pateta.

Quase todos os fatos de mergulho, skis, termos, aquários de água salgada, ténis de basquetebol e equipamentos de ginásio são potencialmente XPTO.

Pessoas NUNCA são XPTO. Livros, música, ideias, palavras, roupa de cama, candeeiros não podem ser XPTO.
Lâmpadas e torneiras podem perfeitamente ser XPTO.
Estamos entendidos?

Agora, para a explicação do termo.


ETIMOLOGIA DO XPTO

Como seria de esperar, a origem de um termo parvo tem de ser parva também, até por uma questão de coerência.

Consta que estavam duas pessoas, uma em cada margem de um rio. Uma delas pergunta à outra como é que se passa para a outra margem. A outra era muda, e responde, escrevendo na areia: “XPTO”.

A primeira reflectiu um pouco, depois obedeceu e atravessou o rio para o outro lado.
O que é que a segunda quis dizer? Ora, o “X” é o número 10, em romano. E o último “O”, não é uma letra mas também um número, o zero, ou “nada”. Assim, o que essa pessoa quis dizer era precisamente “Despe-te e nada!”
Brilhante, não?
Ficai a saber, antes de andar a largar XPTO’s à balda.

5 de dezembro de 2009

4 de dezembro de 2009

Salvem os tomates do Tommy

Tommy é um gato.
E precisamente devido a este facto, comporta-se como um gato: Entra e sai de casa às horas que quer, gosta de dormir nos parapeitos em dias ensolarados, e de passar dias fora de casa quando as gatas o solicitam. Gosta de ronronar no sofá, de se enroscar à volta das pernas das pessoas, e de lamber os seus colhões.
Colhões esses que estão em perigo.



Tommy, depois de meses de orgias desregradas, de onde voltava todo sangrado e arranhado e comia o equivalente ao seu próprio peso, veio a suscitar junto dos donos a hipótese de ser irreversivelmente castrado.

Tudo isto me parece muito mal, e venho desta forma pedir-vos que intervenham para impedir a castração do Tommy. Tommy é um gato muito simpático, que só quer mimos e dar umas marteladas nas gatas da vizinhança. Sim, faz muito barulho de noite (como todos os apaixonados), e chega a casa depois de dias de ausência e muito maltratado. Mas feliz! Será melhor tornar o Tommy num autómato gordo e paneleiro, a suspirar horas a fio pela casa fora, a queixar-se das berlaitadas que ficaram por dar? Um amorfo mamífero, passando horas no sofá a comer gelado de baunilha e a ver a Oprah? Lambendo o sítio onde antes estavam as gónadas, e ansiando para que lhe acabem com a miséria?
Deixo isto à vossa consideração. Peço-vos que manifestem contra esta injustiça, em nome do Tommy e também em nome de todos os gatos que o querem continuar a ser.
Aceda a http://www.salvemoscolhoesdotommy.com e deixe o seu nome.
Tommy agradeceria, se pudesse.

Acreditam:

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