9 de dezembro de 2009

XPTO

XPTO. Ninguém sabe o que é, mas toda a gente o usa nos seus discursos. XPTO é cada vez mais ubíquo, e cada vez mais irritante. Vamos analisar as suas implicações.

Normalmente, XPTO é usado em duas situações:

— Quando um objecto faz mais do que aquilo para que foi desenhado, normalmente algo pateta, é XPTO.

— Quando não se sabe para que é que um objecto normalmente banal serve, mas o seu pedante dono gaba-se de o ter e de o esfregar na cara de quem o não tem. Esse objecto é XPTO.

Vou dar alguns exemplos de quando se pode utilizar o XPTO e quando não. De notar que isto não é a minha opinião, mas sim lei. Para que quem use a expressão a saiba usar convenientemente, e de preferência o mais raramente possível.

Qualquer lâmina de barbear que leve pilhas para eriçar os pêlos da barba, ou que tem gel de Aloe-Vera incorporado, ou que tem nomes como “Mach 3 Turbo Champion GT 4WD” é uma lâmina XPTO.
Aquele detergente Skip, ou Tide, ou lá o que é, que tem “tecnologia anti-borboto”, é definitivamente um detergente XPTO. Nunca na história ocidental se usou o prefixo “anti” numa coisa tão parva como o “borboto”.
Os relógios de pulso que mudam os canais de televisão é XPTO, em qualquer lado no mundo.

Agora, não se diz “a empresa XPTO”. Diz-se “a empresa x, e o director y”. “x” é uma incógnita apenas, “XPTO” é um qualificativo.
Uma nave espacial, ou um carro de corridas, nunca é XPTO. Pois é um produto tecnológico per se, em que toda a maquinaria empregue serve sempre um fim, quase nunca pateta.
um frigorífico, uma máquina de lavar, um micro-ondas, nunca é XPTO. A não ser que se possa accionar com o relógio de pulso.

Os artigos de roupa não são XPTO, a não ser se repelirem a água. Os cintos também podem ser XPTO, se forem de marca e preço impronunciável, e os óculos também, se forem daqueles sem aros que dão aos donos um ar pateta.

Quase todos os fatos de mergulho, skis, termos, aquários de água salgada, ténis de basquetebol e equipamentos de ginásio são potencialmente XPTO.

Pessoas NUNCA são XPTO. Livros, música, ideias, palavras, roupa de cama, candeeiros não podem ser XPTO.
Lâmpadas e torneiras podem perfeitamente ser XPTO.
Estamos entendidos?

Agora, para a explicação do termo.


ETIMOLOGIA DO XPTO

Como seria de esperar, a origem de um termo parvo tem de ser parva também, até por uma questão de coerência.

Consta que estavam duas pessoas, uma em cada margem de um rio. Uma delas pergunta à outra como é que se passa para a outra margem. A outra era muda, e responde, escrevendo na areia: “XPTO”.

A primeira reflectiu um pouco, depois obedeceu e atravessou o rio para o outro lado.
O que é que a segunda quis dizer? Ora, o “X” é o número 10, em romano. E o último “O”, não é uma letra mas também um número, o zero, ou “nada”. Assim, o que essa pessoa quis dizer era precisamente “Despe-te e nada!”
Brilhante, não?
Ficai a saber, antes de andar a largar XPTO’s à balda.

2 comentários:

jorge disse...

não está mau.

nuno disse...

tb quer dizer "cristo", mas isso é outra história.

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