26 de março de 2009

Natureza Morta

Arnold:
11/03/09 - 26/03/09


Deu-me muitas alegrias
O meu amigo presunto
Foi em apenas 15 dias
Passou do Rei das Carnes Frias
Para um mero membro defunto.

Altivo, de porte formoso
Pata Negra de sua raça
E de um sabor tão gostoso
Que assim que se via o osso
Até lhe lambi a carcaça!

22 de março de 2009

Falhas em Valência


Nenhum de nós sabia exactamente do que se tratava. Sabíamos que havia fogo, que havia festa, que havia bombas. Mas julgo que nenhum de nós estaria minimamente à espera do que fomos encontrar.

Valência em chamas.

Sei como foram os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial pelos filmes e documentários, mas nunca soube o que seria lá estar... Mas fiquei com a ideia mais próxima que poderia: Miúdos de 4 anos até velhos a atirar bombas para o chão, para os edifícios. Desde estalinhos até obuses. Tudo explodia à minha volta, coisas ardiam por todo o lado.
Os edifícios menos afortunados explodiam.




Por todo o lado cheirava a enxofre e a álcool. Andávamos de um lado para o outro a ver a revolta, a ver a destruição dos ícones com expressão de animado terror. Na mesma cidade, encontrávamo-nos nós, com acesso a álcool e a bombas... parecia um menino de 10 anos.



Raios feéricos atravessavam os céus.

Como uma demoníaca metáfora, aos poucos fomos levados a acreditar que tudo o que é bonito acabaria por perecer. Tudo é fútil nesta vida, tudo é efémero, e a entropia do Universo tende realmente a aumentar.

Isto


Transformou-se nisto.


O alvorecer da humanidade. O fogo, a luz e as bombas. Bombas por todo o lado. Dei por mim a fugir de uma beata de um cigarro que fumegava no chão, atirado por um velhote. Depois o velhote atirou-me uma bomba aos pés.

Não se distinguiam as pessoas que participavam na festa das que vinham apenas assistir, porque todos tinham bombas.


Para o ano vou voltar, e desta vez vou comprar mais bombas. Comprei 6 rompe-vigas, 50 super-diablos e 50 carpinteiros. O rompe-vigas é um pouco demais: está algures a meio caminho entre uma granada de mão e uma ogiva termonuclear.
Em termos de comparação, um super-diablo é cerca de um terço do tamanho do rompe-vigas e, aceso dentro de uma garrafa de vidro, torna-se uma mina Claymore.

Os carpinteiros, pequenos mas audazes, foram os primeiros a serem sacrificados. Não obstante, o seu rebentamento dá pena de prisão em qualquer lado que não nas Fallas Valencianas. O seu pavio curto e corpo roliço, depois de umas poucas cervejas, deixa-nos com a tantalizante ilusão de que se pode rebentar na mão sem perder dedos.

Erro!

Tínhamos uma demanda por encontrar o maior explosivo de que há memória, de seu nome Megatron. Custava 10 euros, e sabíamos que havia uma loja que o tinha. Constou-nos que tinha plutónio, um bocadinho menos que a massa crítica para não destruir a cidade. E que o ar em volta se trasformava em plasma.



No fim, acabou por se tratar de uma lição de vida que todos aprendemos. Tudo está destinado a morrer em chamas.


A nossa roupa cheirava a pólvora, tínhamos a boca seca. Os fogos ainda queimavam na retina. Passeámos sem rumo pelos destroços da cidade, e ao longe ainda se ouviam explosões e os seus ecos a reverberar pelas ruas. Estávamos sujos e satisfeitos: o meu cabelo tinha cinza das explosões, ou de pessoas que pereceram. A nossa provisão de bombas estava a acabar, e a orgia de fogo, luzes e bombas tinha tirado os seus dividendos. Cansados mas felizes, tínhamos de ir desintoxicar os sentidos.

Haveria aqui uma metáfora envolvida? Que depois da tempestade viria finalmente a bonança? Fiquei convencido que sim, depois de fazer um pequeno buraco na areia e lá colocar o nosso último rompe-vigas. Acendemos o rastilho, afastámo-nos... e nada. Apenas as gaivotas se ouviam.
Depois viemos embora.

14 de março de 2009

Hamburguesa?

O hambúrguer mais complexo que já me passou pelas mãos.

Precisamente a meio caminho entre comer à mão ou de faca e garfo. Atenção que a imagem não está à escala: o buraco no meio do pão é do tamanho da minha cabeça.

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