23 de outubro de 2009

A Entrevista

Tomei conhecimento de um jogo muito engraçado, um pouco “underground”, que se arrisca a tornar uma moda entre os jovens empreendedores deste país, que estão desempregados e assim querem continuar.
O jogo é simples, trata-se de uma entrevista de trabalho. Ganha o jogo quem aguentar mais tempo durante a entrevista, sendo que a pontuação é dada pelos minutos que se aguentam, multiplicados por um factor, que vou passar a descrever.
Por exemplo, tratar o entrevistador por tu vale dois pontos. Assim, se eu for a uma entrevista de trabalho, tratar o entrevistador por tu e sair ao fim de 10 minutos, temos 10x2, ou seja 20 pontos.
Algumas atitudes que se podem ter, e que valem pontos, são as seguintes:

Tratar o entrevistador por tu: 2 pontos
Aparecer notoriamente bêbedo e cair da cadeira: 2 pontos (nota: se o cargo for de motorista, 5 pontos)
Peidar ruidosamente e com estardalhaço (levantando a borda do cu): 3 pontos
Apalpar a secretária à entrada: 3 pontos no rabo, 5 pontos nas mamas
Pronunciar as seguintes palavras: Merda, caralho, foda-se (ou derivados lexicais), puta (que pariu ou não), cona, piça: 2,5 pontos por cada palavra, sem repetições
Espirrar em cima do entrevistador e assoar-se à gravata: 1,5 pontos
Destruir algum aparelho de escritório: 3 pontos
Acender um cigarro: 2 pontos

Etc., já se percebe a ideia.

Sei que são muitos os pontos, e estes estão a crescer, à medida das várias sugestões deixadas pelos praticantes. Não os conheço todos, mas vou dar um exemplo fornecido pelo recordista actual deste jogo (que ainda não tem nome oficial, sendo conhecido apenas como O Jogo). Vou chamá-lo António, até porque é esse o nome dele.

O António dirigiu-se a uma multinacional cujo nome não me facultou, com o intuito de fazer uma entrevista para consultor júnior. Ora, o Jogo, para o António, começou na véspera (não se deitou). O seu pequeno almoço foram três chamuças e quatro cervejas. Depois bebeu dois uísques, um café com cheirinho, e abalou para a sede da dita multinacional. O seu fato estava aparentemente miserável, com nódoas de gordura e buracos de cigarros. Ao ser apresentado, quando a secretária abriu a porta e o dirigiu ao chefe, António mandou uma palmada no rabo dela, apertou-o e disse “Estás bem riginha, badalhoca!”. Entrou, sentou-se, e disse ao entrevistador (que era o Director de Recursos Humanos) “Méquié tás bom?”
O entevistador abanou a cabeça com ar incrédulo, e estava já a apontar-lhe a porta enrubescido. Mas o António não é o recordista por nada, e conseguiu ganhar tempo, comportando-se convenientemente, sempre no limite, e ganhando preciosos minutos. Chegou a pronunciar várias palavras pontuáveis, muitas vezes na mesma frase “Caralhos fodam os fornecedores, puta que os pariu!”. Chegou a peidar-se ruidosamente, camuflando o som com um arroto gutural.
Quando os seguranças chegaram, António conseguiu ainda pôr a fotocopiadora a arder, colocar o caixote dos papéis na cabeça e baixar as calças, saindo em braços do edifício.
Cá fora estava uma comitiva a recebê-lo e congratulá-lo, enquanto os juris faziam as contas. António esteve na entrevista durante exactamente 16 minutos, o que multiplicado pelos vários factores lhe deu uma inaudita pontuação de 2.162.500 pontos, quase duplicando o recorde anterior.
Ainda hoje está à procura de um adversário à altura.

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