Estava uma tarde fria, embora solarenga, quando Joaquim entrou no posto de saúde. D. Guilhermina, como sempre desde há 15 anos, encontrava-se atrás da secretária, com os pés em cima de uma salamandra eléctrica a fazer crochet. Desta vez, uma prenda para a neta. D Gulhermina suspirou ao ver o Joaquim. Os anos tinham deixado a sua marca, o seu farto bigode estava cada vez mais grisalho, a saliva nos cantos da boca cada vez mais seca. O eterno palito que ele traz preso nos dentes, seria o mesmo de sempre? Usava-o como ferramenta neolítica, para tirar lixo debaixo das unhas, para pescar tremoços na tasca do Toninho, para coçar a nuca, e às vezes para palitar os dentes.
Guilhermina lembrava-se de tempos imemoriais, quando ela e Joaquim eram jovens de 14 anos, e Joaquim levou-a para trás do palheiro de sua casa com falinhas mansas e promessas de uma vida quente e confortável. E assim foi, que D. Guilhermina, haviam mais de quarenta anos, perdeu o virgo para uma promessa do futebol local, numa profusão de sangue e palha e bosta de vaca. Joaquim, quando teve o queria, não mais ofereceu flores a D. Gulhermina nem a levou de motocicleta a ver o filme que dava na cidade.
Gulhermina e Joaquim são agora duas gastas personagens, cristalizadas no tempo, encontrando-se de tempos a tempos mas nunca falando de outros tempos. Guilhermina é há muito casada com um alcoólico (pobre mulher, Deus guarde a sua alma, pois é dos ingénuos o Reino dos Céus) e Joaquim é viúvo, embora com reputação de frequentar a estrada secundária à noite, onde por breves momentos a sua virilidade é posta em prática a troco de uma refeição quente.
Joaquim entrou, e sem encanto disse
— Então Guilhermina, como vai isso?
Como se Guilhermina nem olhava para ele, apenas encolheu os ombros e suspirou algo de ininteligível, Joaquim continuou
— Olha lá, onde ponho o cadáver?, apontado com o queixo para o pesado saco preto que trazia às costas.
— Outro? É no mesmo sítio de sempre. Entras à direita, e é na segunda à esquerda. Não o ponhas na arrecadação como da outra vez senão sou eu que ouço.
— Olha porra — disse Joaquim, sem grande convicção. — Se lá pusessem indicações, nada disso acontecia.
Guilhermina lembrava-se de tempos imemoriais, quando ela e Joaquim eram jovens de 14 anos, e Joaquim levou-a para trás do palheiro de sua casa com falinhas mansas e promessas de uma vida quente e confortável. E assim foi, que D. Guilhermina, haviam mais de quarenta anos, perdeu o virgo para uma promessa do futebol local, numa profusão de sangue e palha e bosta de vaca. Joaquim, quando teve o queria, não mais ofereceu flores a D. Gulhermina nem a levou de motocicleta a ver o filme que dava na cidade.
Gulhermina e Joaquim são agora duas gastas personagens, cristalizadas no tempo, encontrando-se de tempos a tempos mas nunca falando de outros tempos. Guilhermina é há muito casada com um alcoólico (pobre mulher, Deus guarde a sua alma, pois é dos ingénuos o Reino dos Céus) e Joaquim é viúvo, embora com reputação de frequentar a estrada secundária à noite, onde por breves momentos a sua virilidade é posta em prática a troco de uma refeição quente.
Joaquim entrou, e sem encanto disse
— Então Guilhermina, como vai isso?
Como se Guilhermina nem olhava para ele, apenas encolheu os ombros e suspirou algo de ininteligível, Joaquim continuou
— Olha lá, onde ponho o cadáver?, apontado com o queixo para o pesado saco preto que trazia às costas.
— Outro? É no mesmo sítio de sempre. Entras à direita, e é na segunda à esquerda. Não o ponhas na arrecadação como da outra vez senão sou eu que ouço.
— Olha porra — disse Joaquim, sem grande convicção. — Se lá pusessem indicações, nada disso acontecia.
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