28 de agosto de 2009

Vai Laura!

Estive ontem a assistir a uma moda que está a pegar cá por Viseu, e que tem todo o potencial para se tornar um desporto a nível internacional. Trata-se de corridas de gajas.
O conceito é simples: Pegar em mulheres esgrouviadas e irritadas, colocá-las dentro de um carro e pô-las a correr em volta de um circuito, regra geral entre rotundas. Ora, cedo se percebeu quanto mais irritada uma mulher estiver, mais rápido ela conduz. E o próprio facto de se tratarem de mulheres, ainda por cima furiosas, faz com que estas corridas se transformem num verdadeiro espectáculo de pneus trilhados, portas amassadas e retrovisores lançados pelos ares.

Como se processam estas corridas? Fácil. Todas as verificações técnicas são ignoradas, assim como as eventuais diferenças de potência, cilindrada e peso do veículo. Não entram na equação, porque uma mulher com o período está-se perfeitamente a cagar para o binário do carro. Temos, isso sim, o namorado ou o marido a dar indicações à mulher, o piloto, minutos antes do tiro de partida. Quanto mais o treinador agravar a mulher, maiores são as possibilidades de a equipa se sagrar vencedora.

Fui então assistir à corrida. Acompanhei de perto principalmente a Laura, a Isabel e a Mafalda. Todas na casa dos vinte, um BMW, um Mercedes (ambos dos respectivos pais) e um Corsa de 89 todo escangalhado. Pertencia à Mafalda, mas como estava menstruada o seu handicap foi anulado. As 3 tinham boas hipóteses de ganhar. Os carros estavam alinhados na partida, juntamente com outros 5 veículos. As caras das concorrentes estavam marcadas de tensão, olhos húmidos, unhas cravadas no volantes. Os pares masculinos estavam a dar as últimas indicações. Aproximei-me do Marco, namorado da Mafalda do Corsa, que era o que estava a gesticular mais.
— Não sei o que pensas que estás a fazer. Com o teu peso essa merda de carro nem vai arrancar. Estás gorda que nem um tuinho, cada vez mais te pareces com a tua mãe. É essa merda dos chocolates, já estás com a cara toda fodida das borbulhas, pareces um Ferrero Rocher.
— VAI-TE FODER PORCO DE MERDA!, gritava Mafalda, quase arrancando o volante.

Um pouco ao lado, Luís alimentava a fúria da sua namorada de anos, Isabel:
— Mas o que é que julgas? Não te chamo para saíres com os meus amigos porque és uma ignorante do caralho! A maionese cresce nas árvores? Foda-se! Passo cada vergonha contigo! A minha mãe bem tinha razão! Eu ando a ficar cada vez mais estúpido só por estar contigo! Tu és como um buraco negro que suga a inteligência das pessoas que te rodeiam! Vai ter com o teu ex-namorado, aquele PSP da merda que diz que o tendão de Aquiles é na Finlândia!
— CABRÃO! NÃO ME DIRIJAS MAIS A PALAVRA!, dizia a Isabel, lacrimejante, atirando as chaves do carro à cara do Luís. Luís apressou-se a colocá-las dentro do carro, dizendo “Precisas disto, estúpida!”

Isto prometia. Tiago, o companheiro da Laura, estava bem mais calmo. Aproximei-me mais para ouvir a conversa.
— Sim, a verdade é essa, Lauroderma. Ando com a tua irmã. Ela dá-me o cu. Tenho dois buracos pelo preço de um, que é que eu ando a fazer contigo? Diz-me! Ainda por cima ela admite que não sabe cozinhar, a última vez que comi os teus profiteroles deu-me uma caganeira de três dias que eu me ia desfazendo em merda. A verdade é essa, Laurilau! De vez em quando tens de te reduzir à tua insignificância!
Laura, por seu lado, olhava em frente sem dizer nada, agarrando o volante.
Isto prometia.
Quase luz verde, mais algumas imprecações cuspidas para dentro e para fora dos carros, uns berros, e lá vão elas! Pneus a chiar, logo um toque entre Isabel e Mafalda, a primeira deixou o carro ir abaixo e colapsou no guiador. Foi demasiado para ela. Três voltas às rotundas, era a duração da corrida. Cedo Laura agarrou a dianteira, e não a largou mais. Isabel no entanto não perdia muito tempo para Laura.
Mais cá para o fim, mais emoção: Laura destacada à frente, pára em frente ao namorado, baixa o vidro e aproxima-se de Tiago. E diz-lhe naquela voz baixinha, pejada de asco e nojo que só as mulheres sabem fazer:
— Sabes que a verga do teu irmão é minúscula, e mesmo assim é maior que a tua?
— ARRANCA, MINHA GRANDE VACA!, gritava Tiago, ao ver que a distância que a separava de Isabel estava a diminuir.
Laura arranca com estrépito, ainda dá para ganhar, mas à rasca. Mas pára de repente, recua e volta a dizer com a mesma voz de peçonha:
— A do teu pai ainda é maiorzita... Cá para mim vocês não são filhos dele.

Tiago leva as mãos à cabeça, enquanto Isabel cruza a linha de partida, para nunca mais ninguém a ver.

Bons velhos tempos.


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