11 de dezembro de 2010

O Tempo.



Enquanto que em tempos últimos o nosso ninho estava dividido entre dois extremos metereológicos, eis que nos chega uma abébia cósmica.
Por um lado, chuva.
Botas, casaco impermeável. Guarda-chuva, e a certeza de chegar a casa a ranger com os sapatos, e pingar o chão da sala. De sair à noite, e limitar o tempo que se está na rua ao mínimo indispensável para chegar do ponto A (um aguadeiro) ao ponto B (um prostíbulo). Não se está bem em lado nenhum, e a roupa molhada conserva melhor os cheiros.
No ponto intermédio, entre notícias de emigrantes mortos em estradas alheias devido ao aquaplaning, e de tornados em Tomar, cá na metrópole chega-se (de um momento para o outro) ao outro extremo, que é o frio.
O ranger de dentes quando se chega a casa, meter as mãos debaixo de água fria (segundo diz a cor da torneira) e pensar que está quente.
Cair de cu na calçada, deitar fumo pela boca, tirar as luvas para comprimentar alguém (poucos o fazem), meter as mãos nos bolsos dos casacos polares que custaram trinta euros na C&A.
E hoje, dádiva divina, nada disso. Nem chuva, nem frio. Uma temperatura de chuva, uma secura brilhante. Faz um tempo que adivinha uma queda de um meteorito de dimensões consideráveis.

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