27 de outubro de 2010

Natal.

Apercebestes-vos concerteza de que começa a aumentar a frequência dos reclames de televisão das prendas de Natal. Ainda estamos em Outubro.
Quais os reclames que passam? Isto porque é assim que funcionam.
Primeiro, e por esta ordem, vêm os reclames de chocolates, de perfumes e de relógios. Porque se tratam das prendas genéricas; aquelas em que apanham o pai de família antes daquela altura em que ele começa a pensar na prenda que tem de dar à sogra. E à mãe. E à irmã, tia, vizinha, e tal. “Um chocolate/perfume/relógio fica sempre bem à vizinha/mãe/mulher.” Está sensível a presa; está a jeito, está à procura. Está na altura.

E todos nós sabemos o que é que nos espera. Reclames dos carros já começaram, e vão aumentar (“A milha filha por acaso precisa de um carro, entrou agora na Universidade...”). Depois os anúncios dos LCD’s, dos computadores e dos jogos de PlayStation (“o meu filho adolescente anda-me a chatear com o computador que está velho”). Os reclames das jóias, com colares e pulseiras que se transformam em várias como se fosse mais que uma prenda. Ou seja, quanto mais perto do Natal, mais à rasca está o consumidor. (“Que raio hei-de dar à minha mulher?!?”).

E depois, chega a minha parte preferida.
15 dias antes do Natal começam os reclames das coisas que os pais vão comprar no dia de Consoada. Aquela prenda para aquelas pessoas de que às vezes os consumidores não se lembram, mas por causa delas que o Natal faz sentido. 15 dias antes do Natal bombardeiam os reclames dos brinquedos. Do robot que se transforma num camião, da boneca que fala e dá peidos, do carro telecomandado com lagartas que manda mísseis de plástico. E dos computadores que fazem os sons dos animais, e dos nintendos, e dos ovos Kinder (que já apareceram pela simples razão que, além da surpresa, é um chocolate), e do carro do Ken, da Barbie preta, dos pokémons, dos estojos de maquilhagem e dos Legos.
E o bombardeio é engraçado, porque tem muita luz e cor, muito barulho. Alguns incluem a expressão “diversão para toda a família” e mostram uma família divertida a experimentar posições sexuais. E inventam uma história a explicar porque é que o GI Joe tem de ir ao castelo do Skeleton mandar mísseis. E os micro-machines e respectivas lavagens automáticas.
Demasiado fácil. O rebento vira-se para os pais e começam aos berros Ó pai, Ó pai, eu quero o tanque do Lord Extreme/Anita Vaidosa/O jogo do Hipopótamo/Pistola Laser.
As crianças têm, como se sabe, uma memória imediata de 2 segundos. Vamos impactá-las.
E, durante algum tempo, andamos esquecidos do resto. É preciso o peru, o Lord Extreme, a pulseira Pandora para a mulher, as luzes de Natal que estão no sótão.
A mim parece-me que em Portugal a silly season dura o ano todo.

Sem comentários:

Acreditam:

Seguidores