18 de junho de 2009

Showdown no Pacífico Sul

O cheiro a maresia e o inebriante baloiçar do cargueiro russo não atenuavam a insuportável tensão que pairava no ar. Sabia que ele andava aí, uns 150 metros à minha frente, atrás de algum contentor. Ainda não lhe havia visto a cara, mas sabia que o tinha de matar. Enquanto eu estava escondido atrás de um caixote, longe da mira telescópica do **AllmightyJoe**, pensei numa fracção de segundo se ele seria casado, se teria família ou filhos. Com um agitar da cabeça, afastei esses pensamentos perniciosos. Tinha uma missão a cumprir.

Ouvi o ribombar da sua arma, e acto contínuo o PuTaDaBaBiLóNiA1990 tombou ao meu lado com o crânio desfeito. Um reles praça, sangue na guelra como todos, armado com uma Kalashikov, a uma distância que só alguém com uma placa de ferro na cabeça, como ele, tentaria atirar ao **AllmightyJoe**. Daí que, sem o PuTaDaBaBiLóNiA1990, sobrava eu e o ^^HeadShock^^, Tenente por fora, cobarde por dentro. Estava nesta guerra pelos pontos e estatuto e não pela justiça ou adrenalina. Devia estar lá para trás à espera do desfecho.
Levantei a cabeça um pouco, pelo canto do olho vi que o ++ZombieGun++ estava em cima do contentor da esquerda, lá ao fundo, ponto preferido dos snipers novatos, e normalmente a sua perdição. Levantei a minha velhinha M4A1, e foi quase à primeira. Uma rajada de três, o coice respectivo, e a pobre cabeça do ++ZombieGun++ a estilhaçar-se lá ao fundo.

Logo a seguir, mais um trovão que passou a um palmo da minha cabeça. O **AllmightyJoe** mostrava que estava atento, e que sabia onde eu estava. E que estava encurralado.
**AllmightyJoe** estava equipado com uma AWM 0.50, um instrumento do Demónio que ficou desactualizado quando os mamutes se estinguiram. O som do seu disparo era terrífico, os seus efeitos medonhos. Respirei fundo, levantei-me e larguei a correr. Mais um rimbombar, desta vez mais perto, mas nem olhei para trás. Dei a volta ao contentor.

Do outro lado do contentor, estava **AllmightyJoe**. Vinha a correr para mim, tentando apanhar-me desprevenido. Vinha armado apenas com a faca. Heroísmo, bravura, temeridade ou simples estupidez, não sei. Sei que em meio segundo ficou com o cano da minha M4A1 a um metro do peito. Enquanto vibrava a faca no ar, com os olhos raiados de sangue, enfiei-lhe cinco ameixas no bucho e três na testa. Caiu fulminado no chão. Fiquei coberto de massa encefálica, e de imediato senti um vazio dentro de mim, como um tumor benigno extraído a sangue frio; um vazio que sei que sentirei até ao fim dos meus dias.

"A Guerra não constrói o carácter. Apenas o revela."



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