1 de abril de 2009

A Verdade sobre Carros e Motas

Não me acredito que o facto de o “carro” e a “mota” terem géneros, masculino e feminino respectivamente, seja fortuito.
“O” carro e “a” mota. O carro é masculino e a mota feminina. E eu sei porquê.

Primeiro, analisemos as formas. Uma mota é, indiscutivelmente, mais feminina que o carro neste capítulo. É mais pequena, mais maneirinha, tem uma voz mais clara, normalmente tem mais adornos estéticos que o carro, quadrado e cinzentão. Uma mota vista de cima tem uma silhueta nitidamente de fêmea, com a linha de cintura entre o depósito bojudo e a parte de trás do assento. É exactamente nesse ponto onde o homem monta. O carro é grande, tem voz mais grossa, pode dar-se ao luxo de andar sujo e maltratado, que não é por isso que não é usado.

Agora, performances. O binómio carro-mota corrobora ao limite as teorias neurológicas acerca das diferenças entre os sexos: as motas têm menor cilindrada, mas maior potência por litro; e fazem mais rotações por minuto que os carros. Daí que tenham de ser usadas a uma rotação superior. Normalmente andam bem mais que os carros. Estes são mais seguros, têm geralmente mais binário, mais força a baixas rotações, mais aptos a fazer trabalhos pesados; enfim, a trabalhar. Não são tão susceptíveis a mudanças climatéricas; a chuva, a altitude, o calor extremo, o piso escorregadio. É um pau para toda a obra, ao contrário da mota, cujo funcionamento óptimo acontece numa faixa muito estreita de condições: tempo claro, piso seco e liso, temperatura amena.

No plano ergonómico: Normalmente, uma pessoa compra um carro para trabalhar, base de gama, pouco gastador e fiável, mas se comprar mota esta será alvo de um muito maior escrutínio. Ficará na garagem quando chove, enquanto que o carro fica lá fora; recebe muito mais atenção e mimo, leva os melhores óleos, é perscrutada à procura de riscos, fissuras e folgas. Nunca o carro será alvo de um cuidado como este. O carro serve para ir para o trabalho, a mota serve para passear nos dias solarengos. Maiores momentos de adrenalina são passados a bordo de uma mota do que dum carro. São bem mais difíceis de guiar, e bem mais perigosas, sendo que muita gente jovem já pereceu aos seus comandos. O seu funcionamento é mais caprichoso, existe todo um conjunto de regras antes de se dar à chave. Os carros podem pegar de empurrão (e alguns só pegam assim).

Regra geral, para comprar um carro de prestações semelhantes a uma mota, gasta-se dez vezes mais dinheiro. Existem Porsches, Ferrari e outros. Mas para ver um Ferrari na rua, é preciso gramar com 300 Puntos e 800 Clios. As motas são todas bonitas, até as Famel.

Finalmente, os quads. Ou moto quatros, ou lá o que é. A meio caminho entre as motas e os carros. Feitos para pessoas que têm medo de andar de mota, mas gostam de usar cabedal e capacete nas deslocações. E é este o infalível corolário: o análogo humano dos quads é, tout-court, equivalente aos que os conduzem:

Os quads são paneleiros.


"Sim, tenho um quad. Como é que sabes?"


1 comentário:

Anónimo disse...

Adorei! Sou mulher e amo motas!

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